Há dias Pedro Passos Coelho apresentou um livro (que não tenho intenção de comprar) no mínimo controverso. Pelos excertos que li dos testemunhos de João César das Neves e Paulo Otero, eles são do mais reacionário e retrógrado que li nos últimos anos. Embirro com estas personalidades, mas nunca pensei que em 2024 houvesse gente instruída com representações mentais daquele calibre sobre a mulher.
Estava eu a ler o livro, cuja capa reproduzo acima quando dei com esta afirmação do ditador Salazar numa entrevista a António Ferro, em 1938 - há quase 90 anos - que não anda muito longe dos depoimentos em questão: «Dentro do lar, claro está, a mulher não é uma escrava. Deve ser acarinhada, amada e respeitada, porque a sua função de mãe, de educadora dos seus filhos, não é inferior à do homem. Nos países ou nos lugares onde a mulher casada concorre com o trabalho do homem - nas fábricas, nas oficinas, nos escritórios, nas profissões liberais - a instituição da família, pela qual nos batemos como pedra fundamental duma sociedade bem organizada, ameaça ruína... Deixemos, portanto, o homem a lutar com a vida no exterior, na rua. E a mulher a defendê-la, a mantê-la nos seus braços, no interior da casa.» (p. 39)
5 comentários:
pues eso...Sin comentarios...
Bom dia!
Só me admira que o Bagão Félix tenha entrado neste cambalacho medieval e desmiolado promovido pelo Araújo e pela FMS...
O Bagão Félix é um dos organizadores. Os organizadores é que deviam ter tido cuidado com os convites porque há pessoas que não têm respeito pelos outros e aproveitaram aquela oportunidade para dizer as maiores enormidades que fundamentam o seu pensamento.
Boa tarde para os dois.
A foto é extraordinária. Quanto ao livro: vivemos num país livre e há quem possa investir, e admito que até comprar, obra de tal natureza - depois de tanta conversa e polémica acerca de, tenho certeza que vai vender. A propaganda está feita.
Entendo perfeitamente que pessoas como as que referiu tenham e se rejam por valores que consideramos ultrapassados. Não evoluíram?! É lá com eles. Os livros vendem-se apenas a quem os quer comprar. Nem dado.
Boa noite!
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