Prosimetron

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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ainda sobre as declarações de Sua Santidade


É raro eu concordar com o Daniel Oliveira, mas desta vez parece-me que tem alguma razão :
" (...) A verdade é que é na sua sexualidade que cada indivíduo se prova único e irrepetível na sua identidade. É onde a liberdade se afirma de forma mais incontrolável. Pondo em causa todos os papeis e, pecado dos pecados, a própria ideia de género. Nada disto é de hoje. Agora é que falamos do assunto fora de casa. E ao falarmos disso e exigirmos ser respeitados pelo que somos transformamos a liberdade privada em liberdade pública e pomos em causa a ordem das coisas.
A Igreja Católica, como todas as igrejas, teme a liberdade e a desordem. Sem qualquer juízo de valor, elas são contrárias à sua natureza. O Papa pode usar os pandas e a Amazónia como metáforas e a natureza como argumento- apesar de nada haver de menos natural do que a abstinência sexual exigida aos sacerdotes católicos-, mas não é a sobrevivência da espécie que o move. É o poder. Se cada um decidir o seu lugar na sua própria existência qual será o lugar do clero? Se cada um escolher o seu caminho, sem seguir o rebanho, para que servirá o pastor?
Relevante é a prioridade absoluta dada por Bento XVI ( ainda mais do que o seu antecessor ) a estes temas. Quando o mundo- e com ele os católicos- vive o medo da pobreza, é das teorias do género que lhe fala o Papa. É verdade que a Igreja se preocupa com a miséria e ajuda muita gente. Mas não se assusta com ela porque ela não põe em causa o seu poder. É o conforto, que traz com ele a autonomia e a escolha, que o Papa teme. Por isso escolheu a Europa como seu campo de batalha. Não é hipocrisia. Faz todo o sentido. "
- Daniel Oliveira, O poder do pastor, in EXPRESSO, de 27 de Dezembro.

5 comentários:

Anónimo disse...

Também tinha lido este artigo e gostei da mensagem, é lúcida e interrogativa que é um dos métodos que aprecio.
A.R.

Anónimo disse...

Só li este excerto, mas concordo, eu que até tenho uma certa alergia ao Daniel Oliveira.
M.

Anónimo disse...

Não li Daniel Oliveira. Estou a leste do paraíso. Mas concordo com o que li aqui. O que anda a pregar o Pastor? Está descontente com a vida sexual das suas ovelhas? Com os cães (padres) que ele tem, até admira ainda pensar assim! Bom Ano.
C.

Miss Tolstoi disse...

Eu também não sou «adepta» do Daniel Oliveira. As poucas vezes que vou parar, por engano, à nova Noite da Má Língua é só para me irritar... E o Expresso é um jornal que não entra cá em casa há uns anos. Também para não me irritar.
Concordo com o que li aqui.
A questão é que o rebanho que está a desertar é o da Europa. Por vezes para se acoitar em «igrejas» sinistras, se assim posso dizer. E ainda menos livres, se assim também lhes posso chamar.

Anónimo disse...

Sem margem para dúvida que concordo inteiramente com o texto.
As igrejas não tem feito outro papel senão,amputar a liberdade há humanidade...quanto mais tempo vai durar isto,e com a nossa perfeita permissão,devido a uma existência vivida no absurdo,onde ninguém sabe quem é quem,e porquê???
Agarramo-nos a um fio de cabelo,para continuar a nossa luta desesperada,nesta existência absurda,nem que o preço a pagar seja a nossa própria castração...porquê?
Porque assim disseram credos...e,vai-se lá saber porquê,enquanto nos imputam a felicidade,eles ficam felizes,por nos sentirem infelizes!!!