O espelho
Um homem medonho entra e olha-se ao espelho.
«Porque é que se olha ao espelho, se só pode ver-se nele com desgosto?»
O homem medonho responde-me: «Senhor, segundo os imortais princípios de 89, todos os homens são iguais em direitos; logo eu tenho o direito de me mirar; com prazer ou desprazer, isso só tem que ver com a minha consciência».
Em nome do bom senso, eu tinha sem dúvida razão; mas, do ponto de vista da lei, ele não estava errado."Charles Baudelaire, O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa), Lisboa. Relógio de Água, 2007, p.107 (Tradução e notas de Jorge Lourenço)
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