De POEMAS DA NEGRA
III
Você é tão suave,
Vossos lábios suaves
Vagam no meu rosto,
Fecham meu olhar.
Sol-posto.
É a escureza suave
Que vem de você,
Que se dissolve em mim.
Que sono…
Eu imaginava
Duros vossos lábios,
Mas você me ensina
A volta ao bem.
De POEMAS DA AMIGA
VII
É uma pena, doce amiga,
Tudo o que pensas em mim.
Eu sei, porque acho uma pena
Também o que penso em ti.
Mesmo quando conversamos,
É uma pena, outras conversas
De olhos e de pensamentos,
Andam na sala, dispersas.
Mário de Andrade
Um poeta paulista do agrado de Miss Tolstoi. E do meu.
2 comentários:
Adoro! Obrigada.
POEMAS DA NEGRA
VI
Quando
Minha mão se alastra
Em vosso grande corpo,
Você estremece um pouco.
É como o negrume da noite
Quando a estrêla Vênus
Vence o véu da tarde
E brilha enfim.
Nossos corpos são finos,
São muito compridos…
Minha mão relumeia
Cada vez mais sobre você.
E nós partimos adorados
Nos turbilhões da estrela Vênus!...
Mário de Andrade
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