Horas de Nossa Senhora , Paris, 1500 [i. é 1501], p.72.
A representação da adoração pelos Magos antecede, ilustrando-a, a liturgia rezada em louvor da Virgem na hora de sexta. É mais um tema complementar da Natividade simbolizando a terceira genuflexão, a dos Magos, transformados pelos comentadores em “Reis”, que se ajoelham perante o Rei dos Reis. É uma homenagem ao Menino como Homem (mirra), como Rei (ouro) e como Deus (incenso). Esta adoração é uma peculiaridade do evangelho de Mateus [2,1-12].
Na entrada do estábulo encontra-se a Virgem, em majestade, com o Menino no regaço, tendo atrás de si José, de pé, com o chapéu na mão, em atitude de respeito. Ao lado da Sagrada Família afloram ainda a cabeça da vaca e do burro. Dentro da cerca que delimita o estábulo encontram-se os Magos que vão fazendo, gradualmente, a jenuflexão perante o Menino nu. A tradição posterior vai transformar estes Magos em Reis, dar-lhes nomes – Gaspar, Belchior/Melchior e Baltazar – e fixar o seu número em três, no que já é seguido nesta representação . O primeiro Mago, encontra-se de joelhos (na forma bizantina, os dois joelhos por terra), de cabeça descoberta, preparando-se, segundo a tradição, para beijar o pé direito do Menino, pé esse que se encontra amparado pela mão esquerda da Virgem. Perante o Menino, no chão, encontra-se o presente que lhe foi oferecido, que pela sua forma indicia ser o que transportava a Mirra. Os outros dois Magos mantêm ainda o chapéu, ornado de uma coroa, e os presentes na mão: incenso o da direita e ouro o da esquerda. O semblante de cada um dos Magos é diferente para permitir representar as três idades da humanidade: a juventude; a maturidade; e a velhice. A gravura deixa ainda observar todo o séquito dos Magos reis, que curiosamente não monta camelos mas sim cavalos.
O enquadramento gótico que envolve a gravura sustenta, ao centro, a estrela de seis pontas que guiou os Magos até Belém. As duas colunas são encimadas por profetas que podem simbolizar: Isaías, que profetizou a glória da nova Jerusalém [Is 60, 6]; e Miqueias, que profetizou o lugar onde o Messias nasceria [Miq. 5,1; Mt 2, 5-6].
Rezar em português, Lisboa, 2009, p. 79-81 (o livro será apresentado na Biblioteca Nacional de Lisboa, na terça-feira, dia 19).
5 comentários:
Lá estaremos.
Assim haja apresentador...
Finalmente!
Lá nos vamos encontrar todos?
Falta a Hora ;)
Em hora, será postado convite.
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