Prosimetron

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quarta-feira, 10 de março de 2010

Ainda o Haiti, mas na primeira pessoa.

Recebi ontem à noite um telefonema do meu querido amigo Carlos F.T. de quem não tinha notícias há algum tempo:
-Sabes onde acabei de passar um mês?
- Eu não.
- Estive um mês no Haiti.

E o Carlos, que é médico, lá me explicou que está a fazer um mestrado em Medicina de Emergência e de Catástrofes na Faculdade de Medicina de Sevilha e encontrava-se nesta cidade quando teve conhecimento do terrível sismo haitiano. Não hesitou- imediatamente voluntariou-se para ir para o Haiti enquadrado numa missão espanhola. Foi, pois, dos primeiros médicos a chegar.

Relatou-me o cenário encontrado de milhares de cadáveres nas ruas que, mesmo para um médico a fazer o dito mestrado, foi um terrível "baptismo de fogo", bem como as condições em que ele e os colegas tiveram de trabalhar nos primeiros dias: a primeira noite em sacos-cama, dormindo no meio dos escombros, apenas protegidos por uma cerca de lona, e os primeiros duches a partir de baldes de água fornecidos pelas autoridades militares, sendo que faltava tudo a todos, especialmente à população local.

Seguiu-se um mês de trabalho intenso, e depois o necessário descanso na República Dominicana antes de regressar a Portugal e ao hospital algarvio onde presta serviço. Um relato impressionante de coisas vistas e feitas, que não vale a pena aqui reproduzir em pormenor e que a comunicação social foi "filtrando" e se calhar bem, mas que me tirou o sono.

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