Esta a minha homenagem a um poeta e sobretudo ao pedagogo que em 1870 escreveu a "Cartilha Matenal", pela qual perto de oitenta anos depois aprendi a ler facilmente e através da qual comecei a gostar de poesia.
Natural de S. Bartolomeu de Messines, onde nasceu em 8 de Março de 1830, João de Deus Ramos fez percurso habitual de muitos rapazes sem recursos mas muitos talentos, da aprendizagem no Seminário até ao ingresso na Universidade de Coimbra onde, apesar de pouco aplicado aos estudos e disperso por outras actividades, jornalísiticas e literárias, se formou em Direito.
Natural de S. Bartolomeu de Messines, onde nasceu em 8 de Março de 1830, João de Deus Ramos fez percurso habitual de muitos rapazes sem recursos mas muitos talentos, da aprendizagem no Seminário até ao ingresso na Universidade de Coimbra onde, apesar de pouco aplicado aos estudos e disperso por outras actividades, jornalísiticas e literárias, se formou em Direito.
O seu percurso de vida foi sobretudo marcado pelo jornalismo, pela poesia, pelas tertúlias onde conviveu com grandes nomes da literatura do século XIX, como Antero e Teófilo Braga, entre outros e nos últimos anos da sua vida, pela pedagogia, a partir do seu método de aprendizagem.
Morreu a 11 de Janeiro de 1896, em Lisboa, sendo o seu enterro acompanhado por muito povo.
Um Poema da Cartilha Maternal
Hymno de Amor
Andava um dia
Em pequeninoNos arredores
De Nazareth,
Em companhia
De San José,
O bom-Jesus,
O Deus-Menino.
Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha attrahido,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sae do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe n'um canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma cadencia,
Que commovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avesinha
Continuando
No seu gorgeio
Em quanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
À dianteira
E mal poisava,
Não afrouxava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!
Assim foi indo
E foi seguindo
De tal maneira,
Que noite e dia
N'uma palmeira,
Que havia perto
D'onde morava
Nosso Senhor
Em pequenino,
(Era já certo)
Ella lá estava
A pobre ave
Cantando o hymno
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!
3 comentários:
Gostei!
Gosto da poesia de João de Deus. Parece escrita de um jacto, mas disseram-me que era bastante emendada.
M.
Também gostei. Tenho a Cartilha mas nunca a segui. Já não se usava no meu tempo de escola.
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