Esta é a autobiografia do Padre Manuel Musullam, escrita a meias com o jornalista francês Jean-Claude Petit. As memórias de um observador privilegiado, já que o padre Musullam foi durante 14 anos o pároco de Gaza, e hoje, aos 72 anos, é o Presidente da Comissão Islâmico-Cristã da Palestina.
E sobre o que se passa em Gaza, controlado pelo Hamas, desde o bloqueio total imposto pelos israelistas desde 2007, o antigo pároco diz isto: " Gaza é o inferno, sofremos o terror da guerra e, agora, vivemos como escravos de Israel. Os pobres não têm nada para comer, vasculham os caixotes do lixo, vagueiam pelas ruas, parecem autênticos zombies".
Curé à Gaza, Manuel Musullam e Jean-Claude Petit, Éditions L' Aube, Maio de 2010, 205p, €17.
E este livro suscita-me duas reflexões: a primeira, sobre a "vastidão" da Igreja Católica- dos corredores adamascados do Vaticano à paróquia de Gaza, quase noutro planeta; a segunda, é fruto da minha leitura recente do último romance de Richard Zimmler, Os Anagramas de Varsóvia, já que a descrição da vida quotidiana em Gaza está tão próxima do que eram os dias dos judeus no gueto de Varsóvia...
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