Prosimetron
sábado, 14 de agosto de 2010
As vozes dos animais
Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha
Os ternos pombos arrulham
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo,
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bale,
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
Bichinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves,
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem gorjeios às vezes,
vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas
Apenas sabe chiar.
O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintainho,
Cucurica e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros
O cordeirinho balidos,
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
Se encontra em pobre rima
As vozes dos principais.
Pedro Dinis
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8 comentários:
E o nosso cisne negro está de regresso.
Eu gostava e conhecia, mas foi bom relembrar,JAD.
E fui acordado com o gemer da rola inocentinha... quase levou com um sapato em cima...
E eu não conhecia estes versos, nem Pedro Dias.
E as rolinhas continuam a "gemer"...
Devem andar a rolar, de acordo com aquele poema do Fernando Assis Pacheco que adoro: «Se o galo gala o pombo pomba? Este pombava / ao sol das três da tarde lisboeta num passeio da Rua da Rosa [...}]».
... E o avestruz avestruza...
Então temos a Odile de volta. E do Siegfried? Nada?
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