Audrey Flack, Queen Catherine, Parque das Nações ( réplica da que está armazenada em Nova Iorque ).
Aproveitando o chamado "casamento real ", Pedro Mexia lembrou no Expresso outra Catarina, esta de Bragança e rainha pouco feliz de Inglaterra, cuja memória ainda assusta muita gente:
(...) É quase impossível erguer uma estátua a personagens históricas se nos guiarmos pela nossa moralidade de agora. Catarina não foi uma "negreira", não teve qualquer relação pessoal com o tráfico de escravos, mas de facto nasceu e viveu em países que ainda praticavam a escravatura, o que faz naturalmente de todos os portugueses e ingleses seiscentistas gente indigna. É a tirania do anacronismo, a que hoje ninguém escapa. Escrevendo sobre a controversa estátua de Catarina, a imprensa americana lembrou que até houve um liceu George Washington que mudou de nome porque um dia descobriram que Washington teve escravos. É verdade que também liderou a independência americana, mas esse detalhe não chegou para convencer o liceu ofendido.
Catarina foi uma rainha sitiada, uma esposa doce e uma mulher infeliz. Podemos dizer que representa de algum modo o nosso estatuto de "parceiro menor" na aliança com a Inglaterra.
Mas de certa maneira também ilustra o destino das rainhas consortes, como Kate Middleton, mulheres a quem se exige tudo e a quem não se desculpa nada. Tão depressa têm o mundo nas mãos como ficam esquecidas, em efígie, num armazém.
3 comentários:
Não sabia desta réplica da estátua de Catarina de Bragança, na Expo. Tenho de a procurar porque em foto é muito gira. E pensava que o original estava colocado em Queens.
A escultura é da Clara Menéres?
A escultura é da norte-americana Audrey Flack, e ela própria ficou perplexa com toda a polémica que durou anos sobre a estátua da Catarina de Bragança. Ler a História com os olhos de hoje dá estas coisas...
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