Políbio Gomes dos Santos nasceu em Ansião a 7 de Agosto de 1911, tendo falecido, tuberculoso, na mesma vila, em 3 de Agosto de 1939. Estudou em Lisboa e em Coimbra. Fez parte do grupo do Novo Cancioneiro, tendo deixado colaboração nos Cadernos da Juventude, Presença, Sol Nascente e O Diabo. Escreveu As três pessoas e Voz que escuta, este publicado postumamente.
Há uma edição dos Poemas (completos) de Políbio, organizada por Luís Adriano Carlos (Porto: Campo das Letras, 1998).
Lisboa: Portugália, 1938
Coimbra: [Atlântida], 1944. (Novo Cancioneiro; 10)
Nesta antologia de poesia do Novo Cancioneiro, Maria Barroso diz «Poema da voz que escuta», de Políbio Gomes dos Santos. Num outro tempo, num 45 r.p.m., disse «Radiografia».
Althum, 2010
€19,90
Poema da voz que escuta
Chamam-me lá em baixo.
São as coisas que não poderam decorar-me: As que ficaram a mirar-me longamente
E não acreditaram;
As que sem coração, no relâmpago do grito,
Não poderam colher-me.
Chamam-me lá em baixo,
Quase ao nível do mar, quase à beira do mar,
Onde a multidão formiga
Sem saber nadar.
Chamam-me lá em baixo
Onde tudo é vigoroso e opaco pelo dia adiante
E transparente e desgraçado e vil
Quando a noite vem, criança distraída,
Que debilmente apaga os traços brancos
Deste quadro negro - a Vida.
Chamam-me lá em baixo:
Voz de coisas, voz de luta.
É uma voz que estala e mansamente cala
E me escuta.
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