Gosto do silêncio, gosto da noite.
Num post que li no Arpose falou-se que o barulho não ajudava na produção poética. Concordei!
Mas hoje ao ler uma carta que Mozart escreveu, fiquei "pasmado" com a exaltação do contrário.
Escreve o músico, em Milão, a 24 de agosto de 1771 (tinha então 15 anos):
"No andar de cima mora um violinista, no debaixo há outro, ao nosso lado mora um professor de Canto que dá aulas, no último quarto do outro lado do corredor vive um aboísta. É muito engraçado para compor! Dá muitas idéias."
Carta n.º 10, à Irmã.
Wolfgang Amadeus Mozart, Uma vida secreta: selecção epistolar, organização, introdução e notas de Manuel Malzbender e de Maria João Mayer Branco, Lisboa, Cavalo de Ferro Editores, lda., 2006, p. 21
Num post que li no Arpose falou-se que o barulho não ajudava na produção poética. Concordei!
Mas hoje ao ler uma carta que Mozart escreveu, fiquei "pasmado" com a exaltação do contrário.
Escreve o músico, em Milão, a 24 de agosto de 1771 (tinha então 15 anos):
"No andar de cima mora um violinista, no debaixo há outro, ao nosso lado mora um professor de Canto que dá aulas, no último quarto do outro lado do corredor vive um aboísta. É muito engraçado para compor! Dá muitas idéias."
Carta n.º 10, à Irmã.
Wolfgang Amadeus Mozart, Uma vida secreta: selecção epistolar, organização, introdução e notas de Manuel Malzbender e de Maria João Mayer Branco, Lisboa, Cavalo de Ferro Editores, lda., 2006, p. 21
Mozart e sua irmã Não se sabe onde está o original |
3 comentários:
Vou procurar o livro porque Mozart é para mim um enigma. Já li vários livros sobre ele mas é sempre enigmático.
Essa questão de se precisar de silêncio para produzir, poeticamente (ou não), parece-me que depende das pessoas. Havia muita gente a esrever em cafés, no meio de grande barulheira. Há gente que abstrai do ruído e para a qual a distracção é o silêncio.
Tenho lido que enquanto uns precisam da vida de todos os dias para se 'inspirarem', outros basta-lhes o seu mundo interior. Neste caso, um dos mais paradigmáticos parece-me ser António Ramos Rosa.
MR
Pessoalmente, penso que há dois aspectos. O que "nos é dado" (seja uma frase, ou o primeiro verso [normalmente bem medido e perfeito] que, depois, no poema final, até pode vir no meio. Este tinido interior tem a força de um jorro que nada detém - eis o 1ºaspecto, que até pode surgir em conversa com outrém.
O 2ºaspecto, para mim, é "monacal": é o trabalho do silêncio, sozinho, auscultando a atracção das palavras entre si; mas também o "suor" da construção,passo a passo, que se vai conjugando com a técnica, mas também o íntimo "segredo" do que quero dizer. Espero ter sido claro...
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