Salvator Rosa ( 1615-1673 ), Auto-retrato, 1645, óleo sobre tela, 116,3x94cm, The National Gallery, Londres. Foi a este auto-retrato de S.Rosa que Batarda foi buscar a frase aut tace, aut loquere meliora silentio que várias vezes cita e inscreveu nas suas próprias obras. Há outro fantástico auto-retrato, o de 1641, que fica para outra longeva rubrica prosimetrónica.
Depois dos motes de M.R. e de APS ( que em comentário me "preparou o terreno" ), aqui fica um dos excertos mais fortes da entrevista de Eduardo Batarda (1943-) no PÚBLICO de sexta-feira:
[Nuno Crespo] Um dos aspectos mais comentados acerca de si é o seu mau feitio.
O meu mau feitio?!Acho que ganhei essa fama no Porto na Escola de Belas-Artes onde reprovei muita gente e onde disse sempre a minha opinião a todos. Fui muitas vezes processado por ser esquerdista, comunista e até fascista. Portanto, não tenho mau feitio nenhum, a menos que seja mesmo necessário. Em 1983, um jornalista foi entrevistar-me e perguntou-me se eu tinha entrado numa fase cubista e eu disse-lhe " vai para o caralho ". É verdade que tinha bebido, mas...
Fernando José Pereira, no texto para o catálogo de Serralves, diz que é uma pessoa excessiva.
Andou nas Belas-Artes do Porto e teve sorte porque nunca foi meu aluno. E depois eu bebo excessivamente e ele não bebe, como excessivamente e ele é vegetariano e não come quase nada. E não vejo razões para não se beber e comer excessivamente, senão para é que havia vinho e comida?
Uma entrevista que vale a pena a ler na íntegra, tanto pelas considerações teóricas que Batarda faz sobre a arte como pela análise da arte portuguesa do século passado.
6 comentários:
Adoro a pintura do Batarda. Há umas semanas, vi um programa sobre ele na RTP2. Muito bom.
O que é que ele havia de responder a essa pergunta idiota? É pena é que certos entrevistados e comentadores não respondam mais nessa linha, a certas perguntas que ouvimos na tv.
Vou tentar arranjar a entrevista. O Luís ainda a tem? Guarde-ma, sff.
Às vezes, meu caro LB, acho que são estimulantes estas "desbocas" que acordam a engomada ( muitas vezes cobarde e hipócrita) pasmaceira nacional de toda a gente se dar bem com toda a gente. Como se isso fosse humano, verdadeiro e possível.
Longa vida a Batarda! que, aliás, tem uma filha lindíssima e muito inteligente.
M.R: Tb vi esse documentário, em que o Batarda não largava o copo :). Aliás, a RTP2 tem passado bons documentários aos sábados à noite.Adorei o do Eduardo Lourenço há duas semanas.
Já não tenho a entrevista, excepto um pequeno fragmento que guardei para transcrever aqui, que já está na reciclagem. Fui espreitar o site do PÚBLICO mas ainda não está lá.
APS: Todos, pouco ou muito, temos de praticar a chamada "hipocrisia social" que é um dos cimentos da vida em comum, mas às vezes perante a estupidez, a ignorância ( especialmente a atrevida ) e a má fé bem apetece puxar do vernáculo...
Entretanto, um amigo vai arranjar-me essa entrevista, bem como outra dada ao Expresso.
Tb vi o documentário sobre o Eduardo Lourenço e tb gostei.
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