Prosimetron
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
PENSAMENTO(S) - 212
Olhar para a pintura é uma coisa cultural. Para ver pintura temos de, no melhor do nosso esforço, contar com tudo o que podemos saber: sobre como, para quem, com quem, quando, etc. Sem isso não há nada. Não se consegue olhar para um Poussin sem a ajuda de toda a gente que escreveu e tudo o que sobre ele foi escrito. É preciso fazer esse esforço.
- Eduardo Batarda ( 1943- )
Este é o tal fragmento que guardei da aludida entrevista publicada no PÚBLICO. Palavras sábias que ainda mais me impressionaram porque as li no mesmo dia em que fui ver a excelente expo das naturezas-mortas à Gulbenkian, onde ouvi alguns comentários de visitantes que me puseram os cabelos em pé. E não era propriamente gente ignara. Tal como fico com os cabelos em pé quando ouço alguns artistas contemporãneos fazerem gala da sua ignorância quanto à História de Arte. Ás vezes, pensava que estavam " a fazer género " mas fui percebendo que não.
Podemos depararmo-nos com uma tela de alguém de quem nunca ouvimos falar e ter a esperada reacção inicial: agrado, desagrado, curiosidade. Mas a verdadeira compreensão só pode vir, parece-me, com o esforço de que fala Batarda: conhecer o contexto em que a obra foi produzida, a época da sua execução, o tema ( sagrado ou profano ) que lhe está subjacente, a vida do artista, etc.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Um dia destes vou ao Porto. A pintura de Batarda é, para mim, um amor antigo. Vi-o pela primeira vez na Buchholz (já não me lembro se numa colectiva) e gostei imenso.
Tb foi na Buchholz que vi, pela primeira vez, obras de Costa Pinheiro, René Bertolo, Eduardo Luís e Escada - todos amores antigos.
O problema, as mais das vezes, é os pintores escreverem (ou até "dizerem"), porque a palavra, para eles, é o pincel. Claro que há o Delacroix, o Klee, mas pouco mais, infelizmente...
Enviar um comentário