Ontem fui até à Pensão Amor, com entradas pela Rua Nova do Carvalho e pela Rua do Alecrim. O edifício foi comprado pelo grupo proprietário da Lx Factory) e nele foi instalado, na loja da Rua Nova do Carvalho, o Bar da Velha Senhora - ficou para uma próxima vista -, e na entrada pela Rua do Alecrim um outro bar, no 1.º andar do edifício.
Ia visitar a Ler Devagar dedicada ao livro erótico mas, a salinha (muito pequena) em que se encontra, estava encerrada. Mas gostei imenso de visitar o edifício: um cabeleiro, um espaço com venda de roupa íntima, uma sala e um bar feitos com o antigo mobiliário da casa de prostitutas, cujos principais clientes deveriam ser os marinheiros. Já há anos que os bares existentes na zona - Roterdão, Liverpool, Oslo, Tokyo (este com projecto e mobiliário de Cassiano Branco), Jamaica, Europa - começaram a ser frequentados por outro tipo de gente. E marinheiros (vindos dos portos que deram nomes aos bares) já os não há e as prostitutas mudaram de zona.
Dêem uma vista de olhos pela Pensão Amor:
A sala "tigresa"
Pinturas nas escadas, da autoria de Mário Belém.
Alguns candeeiros e objectos que se podem apreciar no bar. Tem mesas lindas e um bom ambiente.
Numa das paredes pode ler-se o seguinte poema de Carlos Drummond de Andrade:
A escolha não podia ser melhor.
10 comentários:
Para mim, uma enorme novidade !
Obrigado !
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"...e assim ficou uma casa, agora, de Virtude...
O armazém do Sr Almarjão, no Bairro Alto, também se tinha convertido em casa de Cultura...
Já tinha ouvido falar, mas as fotos foram eloquentes :). Tenho de lá ir. Devia ser uma alegria quando chegava a Esquadra do Atlântico, ou havia manobras da Nato:). Marinheiros cada vez menos, às vezes ainda passeiam pelo Rossio e Restauradores mas em muito menor número e já sem fazerem as alegrias das "meninas" suponho, até porque hoje a generosidade é voluntária no que respeita à amizade entre os povos, e a virgindade é coisa quase já só de discussão teológica.
:-) aos três comentários.
No bar encontrava-se gente de todas as idades, em grupo e sozinha (com o seu portátil). Um bom local para tomar um copo ao fim da tarde. Imagino que à noite deve ser intransitável.
APS, tb conheci o armazém, mas já apinhado de livros.
Há muitos anos, em 1974, visitei uma casa na Av. Almirante Reis, para alugar. Achei bastante estranhos os papéis que forravam as paredes, quando alguém me segredou: «-Isto deve ter sido uma casa de "meninas"!» :-)
MR
O ambiente é curioso, recuamos ao início do século XX.
O papel é bem alusivo ao amor e ao poema que fotografou.
Interessante!
Um dia destes desço até ao Cais do Sodré. :)
Precisamos destas coisas para nos animarmos. :)
E quanto aos bares do Cais do Sodré: foram descobertos pela Geração de 70 (do século XX!) e depois pela de 60, aí nos anos 80. Hoje encontram-se muitos jornalistas e escritores por lá. :)
Miss Tolstoi,
Lembrou a geração de 70 (Coimbra foi importante) que é do século XIX.
Talvez o ambiente seja mais dos século XIX, sim.
Lembrei-me da primeira década do século XX por causa dos candeeiros mas a arte nova ainda começou no XIX.
Ana, viu mal. Referia-me às pessoas que têm hoje entre 55 e 70 anos e que começaram a frequentar alguns bares da Rua Nova do Carvalho como o Shangri-La, que é hoje o MusicBox. A seguir outros se seguiram...
A primeira vez que entrei num desses bares disseram-me: "- Bebe pela garrafa!"
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