V.I.T.R.I.O.L.
III
Indócil testemunha a Lua comparece
a quem abre sinal no cartório do Sol.
V
É quando o Sol galopa no teu ventre
que de súbito a Lua te esporeia
VII
Brilha nas mãos do Sol o gume de um cutelo
O pescoço da Lua é que há-de ser o alvo
X
As pegadas do Sol nem sempre a Lua
lentamente as desfaz quando se oculta
XIV
Lunático é o Sol deixando-se queimar
Bem mais sólida é a Lua apesar de sonâmbula
XVI
Os subúrbios do Sol são quase sempre
o que a Lua me aluga por momentos
XIX
É tão fácil dizer-te ó Sol que te agradeço
Tão raro confessar-te ó Lua que te esqueço
David Mourão-Ferreira
3 comentários:
Não conhecia este estranho poema Davifeniano. Embora eu não seja especialista: é-o o meu Amigo A. de A. M., que lhe é da Família..:-)
Está na edição da poesia completa.
A simbólica é rica, e estranhamente familiar :)
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