Prosimetron
quarta-feira, 13 de março de 2013
Citações
(... ) Há um provérbio judeu muito antigo que me persegue há séculos : o homem pensa, Deus ri. Não imagino um Paraíso com falta de humor, não imagino dissolver-me um dia numa mentira horrível. Prefiro a descrição do escritor Júlio Dantas, que não é tão mau como os ignorantes pensam, a contar a chegada do poeta Bulhão Pato ao céu, " poisando a mão no ombro formidável de Deus e a perguntar-lhe
- Rapaz! Como estás tu? "
Que adjectivo estupendo, que frase bem balançada. E é uma coisa mais ou menos desse género que penso. É pouco provável que poise a mão no ombro formidável de Deus ( não toco muito nas pessoas e há alturas em que gostava tanto ) e lhe pergunte
- Rapaz! Como estás tu?
porque sou tímido. Mas, se fosse capaz de perguntar, gostaria que me respondesse
- Menos mal, filho, menos mal
e me deixasse andar onde me apetecesse porque a Sua casa, não é verdade, porque a Sua casa, e desta certeza não saio, é minha também.
- António Lobo Antunes, na VISÃO da semana passada.
P.S. - E concordo com ele sobre Júlio Dantas, de quem de vez em quando releio com prazer algumas páginas.
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2 comentários:
Estou de acordo no seu comentário, LB. Não há dúvida que o anátema de Almada foi "fatal" para Dantas...
Delicioso este trecho.
Bom dia Luís!
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