Prosimetron

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terça-feira, 21 de maio de 2013

Camões e "o pato cagante"

Sabe-se que não é de Camões, mas sim de André Falcão de Resende, mas mesmo sabendo-o o editor, dado que já a tinha impressa, deixou que a sua distribuição fosse feita na edição da obra Rimas de Luis de Camões : Segunda Parte. Lisboa : Pedro Crasbeeck, 1616. Estou a falar Da Creação, & Composição do Homem, cuja cortina de separação (copiando uma portada) se publica de seguida:


(Exemplar de Taylor Institution Library . University of Oxford)

E este exemplar, cujo original está na minha frente, tem uma particularidade. O correspondente que se encontra em Lisboa, publica o canto 21, da segunda parte, com um intrigante verso impresso (que eu tinha encontrado na edição que se guarda, na Biblioteca Nacional de Portugal, CAM. 30 P., f.15):

Vestida tinha huma o pato cagante,
que por todas as partes o cobria...


Quando vi o verso, fiz um sorriso, avancei e nunca mais tinha pensado no assunto. Hoje chegou-me o exemplar da Biblioteca Bodleian (de que o Instituto faz parte) e um leitor atento fez-lhe, a tinta, no século XVII, possivelmente, a emenda necessária.
Não, o pato não é cagante e não tinha nada vestido.... o verso emendado reza assim:
Vestida tinha uma opa roçagante
Que por todas as partes o cobria.

Agora sim, uma opa roçagante, que tem cauda de arrastar pelo chão, como explica Morais....


Aproveitando uma pausa e dando a alma ao diabo, que anda muito presente neste "Canto Heróico".

7 comentários:

APS disse...

O poema de André Falcão de Resende é interessantíssimo e superimaginativo. Li-o, há uns bons anos, à beira Reno.
Boa estadia e descobertas!

Jad disse...

E que dizia no Texto... pato cagante???

Jad disse...

Bom Sol. E ninguém manda novas do Conselho de Estado!

APS disse...

Meu Caro,
a edição é de Paris,"a custa de Pedro Gendron" (1759), e diz -

"Vestida tinha huma ropa roçagante
Que por todas as partes o cobria;
Numa casa d'abobada galante,
E armada de gentil tapeçaria;
Atada..." (página 215).

MR disse...

Só novidades! :)

Miss Tolstoi disse...

Então, por Oxford!
Oxford é o seu Paraíso na terra? Com tantas bibliotecas... :)

Jad disse...

Sim, trocava uns meses de Lisboa por uns aqui. Nunca vi tanta biblioteca, e tão boas, por metro quadrado.