PALAVRA
Rasa ao chão te olho caída.
A chuva por ti entrou,
e a neve em ti se afundou.
Ventos te trazem despida.
Tens no olhar a luz parada,
como quem está vivo e actua.
Mas não segues sol nem lua.
Estrela nenhuma é tocada.
No que a meu sangue respeita,
estás de todo o elemento
saturada e satisfeita.
Sim, para ti tem de existir
uma palavra perfeita.
Gerrit Acterberg (1905-1962), in Uma Migalha na Saia do Universo, Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte. Lisboa: Assírio e Alvim, 1997 (Selecção e introdução de Gerrit Komrij, trad. de Fernando Venâncio ) Edição bilingue, p.75.
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