Prosimetron
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Poemas - 86
MEMENTO MORI
Death is not in life
( Wittgenstein )
Eu vi morrer três pessoas:
a uma acompanhei até ao fim,
no que seria talvez o que lhe restava da vida
ou porventura o que lhe sobrava de morte;
outra morreu quando eu dormia,
longe do hospital:
e tive que atravessar pela madrugada
uma cidade estrangeira
para chegar à sua morte;
e meu Pai, enquanto eu ia
comprar-lhe uma garrafa de oxigénio;
que nunca soube a quem serviu depois.
Nós nunca vemos ninguém morrer,
porque morrer é por dentro de cada um,
como talvez tudo o que tenha algum sentido,
como talvez o amor.
O que verdadeiramente importa
é opaco ao nosso olhar
e cada prova que vivemos
é só e única:
morrer ou ver morrer
e o amor também.
- Luís Filipe de Castro Mendes, na Relâmpago # 27, Outubro de 2010
( Na morte de Doris Lessing )
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4 comentários:
Excessivamente prosaico, para o meu gosto, este poema de Doris Lessing.
Mas era uma grande prosadora - foi ela que honrou o prémio Nobel, e não o contrário...
Queria dizer:
este poema à memória de Doris Lessing.
Luís,
Gostei muito principalmente destes 4 versos:
«Nós nunca vemos ninguém morrer,
porque morrer é por dentro de cada um,
como talvez tudo o que tenha algum sentido,
como talvez o amor.»
A derradeira fragilidade humana é a morte. A morte é um ato solitário e devemos deixar morrer com dignidade os que nos são queridos. Disse uma vez isto a um amigo.
Belo poema de Luís Filipe de Castro Mendes, que tem um livro de que eu gosto muito: "A Ilha dos Mortos".
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