«No último livro que me é consagrado, fiquei surpreendido
por encontrar um artigo de Jean Paulhan. Jean Paulhan era com efeito um dos
principais personagens da N.R.F. Chamavam-lhe o Papa.
«Nunca o encontrei. Nunca li nada dele. Ele começa o seu artigo
com elogios mas conclui que o que me falta é o sentido do trágico. […]
«Eu falo muito do trágico. Penso mesmo que ele deve ter
mesmo encontrado, o trágico quotidiano, nos escritórios da N.R.F.
«Ele já visitou um hospital? Já assistiu, quer num posto de
polícia, quer na P.J., a um interrogatório?
«Este trágico quotidiano é que me toca e não aquele dos
grandes períodos inflamados, nem o das dúvidas ou das angústias filosóficas.
«O que me surpreendeu, foi que Jean Paulhan me tenha lido.
[…]
«A que ponto lhe terei parecido vulgar?»
Simenon – Des traces
de pas. Paris: Presses de la Cité, imp. 1975, p. 26-27
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