«Embora os roteiros de caminhos impressos existissem há dois séculos, na época desta história, com a moda das viagens e a curiosidade própria do século, este tipo de guias tinha-se popularizado, editando-se em formato de pequenos manuais de viagem que descreviam os percursos entre as capitais europeias ou os trajetos para as províncias, com a distância em léguas […].
Esta ed. é de 1760.
Jaillot, 1763
«Eu dispunha na minha biblioteca de alguns desses guias, e outros obtive-os para construir esta história. Sobre itinerários espanhóis acabou por ser mais adequado o de Escribano, editado em 1775, enquanto os caminhos e postas franceses estabeleci-os através do guia impresso em Paris por Jaillot, em 1763. Precisava também de mapas que mostrassem caminhos, povos e cidades do seu tempo; e num leilão de livros antigos consegui arranjar, num bom golpe de sorte, um volume raro e grosso em grande formato que continha a obra completa de Tomás López, o espanhol que cartografou toda a Espanha de finais do século XVIII. No que se refere à França, a solução foi-me dada por uma velha amiga, a alfarrabista Michèle Polak que, na sua loja de Paris, especializada em navegação e viagens, me conseguiu um exemplar em muito bom estado da Nouvelle carte des postes de France.
«- Tenho uma coisa que te vai interessar – disse-me ela por telefone.
«Quatro dias depois, eu estava em Paris. Qualquer pretexto era bom para mergulhar na sua multivariada gruta das maravilhas da Rue de l’Échaudé, onde os livros se empilham em estantes e em montes no chão, em volta de um aquecedor elétrico que temo sempre vir a pegar fogo a tudo?»
Arturo Pérez-Reverte - Bons amigos. Alfragide: Asa, 2016, p. 75-76.
http://www.justacote.com/paris-75006/librairie/librairie-polak---marine-voyages-1291111.htm
Gosto do modo como Pérez-Reverte construiu este romance, entremeando a trama com o modo de pesquisas que fez para a construir de um modo credível.
1 comentário:
Gosto eu tamén.
Unha aperta.
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