Prosimetron

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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Poemas - 99


Ser português é como ser aborígene ou americano
Posso comer bacalhau com batatas a murro em qualquer lugar
Camões e Pessoa em todas as línguas tal como Rilke e Confúcio
O Português só me une aos mortos da literatura

Vou neste canto por uma questão de inércia climática
Nunca estou cá - Isto já não é a cidade das igrejas e quartéis
É um cenário intermitente onde vivo separadamente - vou ao super
comprar chocolate belga e vinho chileno

Já não tenho inimigos nem sarracenos nem chinos como o Pinto
Nem os Portugueses me incomodam mas classes de comportamentos
grosseiros em que não são os piores - Por isso vivo aqui
com os livros e discos iguais em toda a parte


- Nuno Féliz da Costa, a cultura é um marcador turístico, in O desfazer das coisas e as coisas já desfeitas, Companhia das Ilhas, 2015.

1 comentário:

Justa disse...

No lo conocía...¡Me gusta!

Buen día.