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terça-feira, 23 de outubro de 2018

Canal de Suez inaugurado há 150 anos

Il de Édourd Riou

Eça parte a 23 de outubro de 1869 para uma viagem ao Oriente com Luís de Castro, conde de Resende, seu amigo e futuro cunhado, para assistir à abertura do canal do Suez, que terá lugar a 17 de novembro.
Quando desembarca em Lisboa em janeiro de 1870, publica na coluna de Folhetins do Diário de Notícias a crónica da viagem «De Port-Said a Suez» - «apenas a narração trivial, o relatório chato das festas de Port Said, Ismailia e Suez».
Segundo Eça, a «confusão irritante que foi o maior elemento de todas as festas do Suez». Até porque a polícia egípcia não previu bem a logística do evento e esqueceu que «trezentos convidados, ainda que não tenham a corpulência tradicional dos paxás e dos vizires, não podem caber em vinte lugares de vagões, estreitos como bancos de réus. Por isso, em volta das carruagens havia uma multidão tão ávida como no saque de uma cidade».
«[…] nem edifícios, nem monumentos, nem construções sólidas e sérias: tudo é ligeiro, barato, provisório. A igreja católica é como uma grande barraca: vê-se o céu azul através do seu teto feito de grandes traves mal unidas. Tudo isto dá a Port Said um aspeto triste. […] Port Said, cheio de gente, coberto de bandeiras, todo ruidoso dos tiros dos canhões e dos urras da marinhagem, tendo no seu porto as esquadras da Europa, cheio de flâmulas, de arcos, de flores, de músicas, de cafés improvisados, de barracas de acampamento, de uniformes, tinha um belo e poderoso aspeto de vida. A baía de Port Said estava triunfante. Era o primeiro dia das festas. Estavam ali as esquadras francesas do Levante, a esquadra italiana, os navios suecos, holandeses, alemães e russos, os yachts dos príncipes, os vapores egípcios, a frota do paxá, as fragatas espanholas, a ‘Aigle’, com a imperatriz, o ‘Mamoudeb’ com o quediva, e navios com todas as amostras de realeza, desde o imperador cristianíssimo Francisco José, até ao caide árabe Abd el-Kader.»

4 comentários:

Mr. Vertigo disse...

O texto de Eça é profundamente visual e até vi os acontecimentos a cores:)
(Faz-nos falta um Eça, no tempo presente)
Bom dia!

MR disse...

Vamos a ver se arranjarei algo para dia 17 de novembro.
Boa tarde!

M,Franco disse...

Interessante esta descrição de um acontecimento tão
grandioso para aquela época.
Boa noite.

MR disse...

Esqueci-me de dizer que a reportagem está recolhida no livro Egito de Eça.
Bom dia!