«Seguíamos de carro pela grande estrada que atravessa como
em sonhos a planície da Pérsia, imensa e saturada de calor. Era a mesma estrada
que os soldados de Alexandre tinham percorrido, há tantos séculos atrás, quando
um mundo ruiu com o incêndio de Persépolis, em direção a norte, no encalço de
Dario. O rei estava em fuga. Fora um homem valoroso, mas perdera todo o seu
poder com a batalha Gaugamela, e fugiu sem parar, pelas montanhas curdas, pelas
suas terras, Média e Bactriana, até que o sátrapa Besso o matou.
«A planície da Pérsia também não mudou desde então, talvez
nunca venha a mudar. Na Pérsia, a planície é sempre cercada por montanhas, como
barcos encalhados, e pensamos que nos aproximamos delas, mas quando finalmente
lá chegamos, vemos que atrás delas, começa uma outra planície, que na realidade
é ainda a mesma, e nunca chegaremos ao fim.»
Annemarie Schwarzenbach – Morte na Pérsia. Lisboa: Tinta da
China, 2008, p. 55
5 comentários:
Apesar da "falta das imagens" seguimos maravilhados a paisagem da escrita:-)
Boa tarde!
Ora, afinal, a Pasárgada de Bandeira sempre existia... e eu que julgava que era uma invenção do Poeta!?...
Boa tarde.
Á Pérsia parece quase labirintica nessa sequência de montanhas e planície.
Não conhecia este livro. Gostei do excerto.
Bom dia!:))
Mister Verttigo,
Mudei o vídeo. O que eu tinha escolhido desapareceu. :(
APS,
Sim, existe. Um dia destes vou postar o poema: «Vou-me embora pra Pasárgada /
Lá sou amigo do rei»...
Bea,
É uma paisagem estranha. Grandes planícies e deserto, rodeadas por grandes montanhas.
Ana,
Gosto dos livros desta autora.
Boa resto de dia para todos.
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