Prosimetron

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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

CANÇÃO DO CORSÁRIO

Lord Byron vestido de albanês (pormenor)

No fundo da minh’alma há um terno segredo,
solitário, perdido e que jaz repousado,
mas às vezes meu peito ao teu vai respondendo,
todo a tremer de amor, vibrando desesp’rado.

Ardendo em lenta chama, eterna mas oculta,
ergue-se no seu centro um fúnebre tocheiro;
parece que essa luz se não acende nunca,
nem para iluminar meu negro cativeiro.

Não me esqueças! Se um dia avistar’s o meu túmulo,
inclina sobre mim a flor de um pensamento.
A pena que eu jamais suportaria – a única! –
é pensar que em teu peito houvesse esquecimento.

Ouve-me, pois, então, as últimas palavras.
(Quem aos mortos irá negar esse favor?)
Dá-me… quanto pedi. Apenas uma lágrima
– única recompensa em paga deste amor!

Lord Byron
Trad. de David Mourão-Ferreira
Colóquio. Letras, Lisboa, Maio-Ago. 2003, p. 223

3 comentários:

bea disse...

Lode Byron era bom a poemar. Mas dos poemas à vida vai distância incomensurável. Uma é a mão que escreve e outro o ser onde ela habita. Não sei bem onde fica o coração que é suposto ser comum aos dois.
Mas é que era lindo, o Lorde, com seu ar de querubim.

Justa disse...

Bea, penso que non sempre hai distancia inconmensurable entre o poema e a vida. Ás veces o poema é o espello da vida, da vida feita sentimento ou mesmo pensamento, esencia pura do vivir. Por suposto, opinable.

MR, ben esa escolla.

Boa fin de semana.

MR disse...

Boa semana para as duas.