Depois de ter visto a reportagem no Hospital de São José, nas “enfermarias covid”, do José Alberto de Carvalho na TVI, lido a crónica no PÚBLICO da médica Isabel do Carmo, concluo que, face às complicadíssimas circunstâncias, estamos muito bem entregues ao nosso SNS e aos seus profissionais. Apesar do sensacionalismo displicente de não se ir ao fundo das notícias, das fias de ambulâncias nos hospitais (sobretudo no de Santa Maria), onde afinal cerca de 85% dos doentes ou das situações não têm critério de gravidade. Mas compreende-se esta sensação de pânico, que é alimentada por alguns demiurgos da opinião pública, de certos media e agora também por dois deserdados ex-ministros da saúde de governos socialistas.
Efetivamente, a palavra caos é
usada abusivamente para retratar a
situação obviamente muito difícil e
de grande pressão que estão a sofrer
os hospitais e o seu competentíssimo pessoal, como podemos
observar nas duas peças jornalísticas que referi. Contudo,
acho que estamos todos a precisar
de ânimo e não de comentários que
nos deitam abaixo ou más notícias
que ainda nos metem mais medo.
Temos obviamente de, de uma
forma cívica, cumprir as regras de
confinamento, e essa deve ser a
insistência e missão pedagógica dos
que têm a obrigação de nos
informar. Neste momento em que
estamos todos muito cansados do
confinamento, das restrições, dos
números negativos, era importante
que nos dessem melhores notícias,
como o número de vacinados,
recuperados, como podemos
ocupar o nosso tempo com cultura,
lazer, exercício físico, para além do
teletrabalho. É talvez a melhor
forma de libertarmos as nossas
ansiedades e continuarmos a dar
forças para quem está a tomar as
decisões e a lutar para salvar vidas.
José Vieira Mendes
Público, Lisboa, 31 jan. 2021, p. 7, coln. Cartas ao director
2 comentários:
Bem precisamos de ânimo, mas precisamos também de planeamento ...
Até acho que isto está a haver planeamento. O que me parece é que durante anos andou-se a falar contra a quantidade de pessoal hospital que havia a mais nos hospitais... Sei que havia abusos, mas deixaram os hospitais no osso. E diminuíram os ordenados dos médicos porque o português está a sempre a ver se o vizinho ganha mais 2$50 do que ele. Agora é o que vemos...
Ainda há poucos meses o Governo quis abrir mais lugares nos cursos de Medicina e a Ordem dos Médicos disse que havia médicos a mais. Onde estão eles?
Boa tarde!
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