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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

A história do presépio

A tradição do presépio remonta ao início do século XIII, quando, em 1223, São Francisco de Assis celebrou o Natal no ermo de Greccio na região de Lácio. Conforme conta Tommaso da Celano na sua obra Vita prima (1228), Francisco não terá realizado propriamente uma representação de um presépio como nós o conhecemos hoje, mas colocado apenas um boi e um burro (ambos verdadeiros) e, ao centro, a manjedoura. O intuito era o de mostrar à população local a pobreza e humildade com que Jesus tinha vindo ao mundo. A palavra “presépio” provém do latim praesepium e significa precisamente manjedoura. Após a morte de São Francisco em 1226, e graças a uma devoção crescente ao santo, difundiu-se este hábito do presépio, ainda que sob forma muito diferente da de hoje. 

De facto, pensa-se que o primeiro presépio artístico será da autoria do escultor toscano Arnolfo di Cambio de 1291 para a Basílica de Santa Maria Maior em Roma, por encomenda do Papa Nicolau IV (1288 – 1292). Ainda hoje são conservadas as esculturas originais de São José, do boi, do burro e dos reis magos. A partir desse momento, o presépio começou a integrar a tradição natalícia, e no princípio do século XV juntaram-se às figuras de Maria, José, Menino Jesus, boi e burro, outros numerosos elementos que encheram o presépio de pormenores: anjos, pastores, ovelhas e cordeiros, os reis magos a cavalo ou camelo, e a essas figuras bíblicas, foram acrescentadas cada vez mais personagens populares. Durante o Concílio de Trento (1548 – 63), declarou-se a representação do presépio como expressão desejável da religiosidade popular, e os fiéis foram incentivados a colocá-lo nas suas casas. Daí resultaram verdadeiros centros “industriais” de fabrico de presépio, como Nápoles (ver segunda imagem), Lecce ou Bologna que se diferenciam, quer do ponto de vista estilístico, quer do ponto de vista dos materiais utilizados.

Portugal nada fica a dever a essa tradição, e é por isso, que a família sagrada do Presépio da Basílica da Estrela da autoria de Machado de Castro por encomenda de D. Maria I constitui a nossa nova vinheta.

A todos, um Bom Natal!