Num tempo em que as "calinadas" (nos meios televisivos, por exemplo) são, lamentavelmente, uma constante quotidiana, não resisto à evocação das saborosas palavras de Nicolau FIRMINO - meu saudosíssimo Tio -, insertas no seu (já citado) livrinho "Breve Passeio pelo Nosso Portugal" (1953), a propósito da passagem pelo Mosteiro de Alcobaça (onde os "turistas" nunca dispensam a inevitável visita à "cozinha monumental, com 2 grandes chaminés") e de um almoço que "decorreu num ambiente de cordialidade e de esfusiante alegria" (p. 61):
"Ocorre contar que, num restaurante, o freguês pediu ao garção [note-se, aqui, a adaptação ao "microcosmos" de uma "Excursão de Professores Brasileiros", à qual o Autor dedicou o seu testemunho (obs. de F. FIRMINO)] 'um prato de erros', respondendo o garção que não tinham, para servir nesse dia. Então o freguês advertiu: 'Se não têm erros, porque os escreveram no cardápio?' / Dizem que um caso semelhante aconteceu num restaurante desta localidade. Um jornalista, vendo escrito na Ementa: 'Cepipes variados', advertiu o proprietário de que faltava a letra 'a' numa palavra. Logo a Ementa foi emendada: 'Cepipes avariados'. "
Particularmente relacionado com o "universo" das relações culturais e literárias entre Portugal e o Brasil, António ALÇADA BAPTISTA, no muito curioso volume "A Pesca à Linha: Algumas Memórias" (Ed. Presença, 1998, 234), dedicado a diversas Figuras, "do lado de cá do Equador" e "do outro lado do mar", recordou o seguinte episódio:
"O Jorge Amado passeava uma vez com a família no Algarve. Como é habitual nele, estava de camisa florida, calções curtos, chapéu de palha e bengala: o próprio americano em férias. / Um homem que estava a vender figos secos, alfarroba e outras coisas desse género, pegou num figo seco e ofereceu-lho dizendo: / - Good, good... / O Jorge pegou no figo e, enquanto o comia, dizia para o vendedor: / - Good, good... / O vendedor disse entredentes: / - Estás gordito, filho da p***... / Uma gargalhada do Jorge Amado e da família que o acompanhava deixou o pobre vendedor envergonhado a dizer: / - Ai que são brasileiros!..."
Uma simbólica nota final para, sem humor - e com profundo respeito por um aniversariante deste dia -, assinalar, no "PROSIMETRON", os 70 anos de JOÃO Manuel GIL Lopes. A nossa Cultura musical deve ao admirável guitarrista e compositor Covilhanense (curiosamente, conterrâneo do saudoso escritor ALÇADA BAPTISTA, acima referido), que há cinco décadas pisou o primeiro palco (em nome do "Soviete do Areeiro", uma efémera "banda" Lisboeta de intervenção), canções de reconhecida originalidade, como, entre outras, "Timor" (um inesquecível "hino" da causa do Povo Maubere) e "Perdidamente" (sobre a inspirada criação de FLORBELA Espanca, "Ser Poeta", que o Artista teve a feliz ideia de musicar e propor a sua gravação aos restantes elementos do seu grupo "Trovante"). Sinceros parabéns, JOÃO GIL!
3 comentários:
Provavelmente uma joelheira. O futebol contamina tudo, principalmente os atrasados "mensais".
Bom Domingo!
Aqui acho que o problema é o quotidiano: não saberem escrever e terem grafado «joelheria» em vez de «joalheria».
Boa noite!
Num tempo em que as "calinadas" (nos meios televisivos, por exemplo) são, lamentavelmente, uma constante quotidiana, não resisto à evocação das saborosas palavras de Nicolau FIRMINO - meu saudosíssimo Tio -, insertas no seu (já citado) livrinho "Breve Passeio pelo Nosso Portugal" (1953), a propósito da passagem pelo Mosteiro de Alcobaça (onde os "turistas" nunca dispensam a inevitável visita à "cozinha monumental, com 2 grandes chaminés") e de um almoço que "decorreu num ambiente de cordialidade e de esfusiante alegria" (p. 61):
"Ocorre contar que, num restaurante, o freguês pediu ao garção [note-se, aqui, a adaptação ao "microcosmos" de uma "Excursão de Professores Brasileiros", à qual o Autor dedicou o seu testemunho (obs. de F. FIRMINO)] 'um prato de erros', respondendo o garção que não tinham, para servir nesse dia. Então o freguês advertiu: 'Se não têm erros, porque os escreveram no cardápio?' / Dizem que um caso semelhante aconteceu num restaurante desta localidade. Um jornalista, vendo escrito na Ementa: 'Cepipes variados', advertiu o proprietário de que faltava a letra 'a' numa palavra. Logo a Ementa foi emendada: 'Cepipes avariados'. "
Particularmente relacionado com o "universo" das relações culturais e literárias entre Portugal e o Brasil, António ALÇADA BAPTISTA, no muito curioso volume "A Pesca à Linha: Algumas Memórias" (Ed. Presença, 1998, 234), dedicado a diversas Figuras, "do lado de cá do Equador" e "do outro lado do mar", recordou o seguinte episódio:
"O Jorge Amado passeava uma vez com a família no Algarve. Como é habitual nele, estava de camisa florida, calções curtos, chapéu de palha e bengala: o próprio americano em férias. / Um homem que estava a vender figos secos, alfarroba e outras coisas desse género, pegou num figo seco e ofereceu-lho dizendo: / - Good, good... / O Jorge pegou no figo e, enquanto o comia, dizia para o vendedor: / - Good, good... / O vendedor disse entredentes: / - Estás gordito, filho da p***... / Uma gargalhada do Jorge Amado e da família que o acompanhava deixou o pobre vendedor envergonhado a dizer: / - Ai que são brasileiros!..."
Uma simbólica nota final para, sem humor - e com profundo respeito por um aniversariante deste dia -, assinalar, no "PROSIMETRON", os 70 anos de JOÃO Manuel GIL Lopes. A nossa Cultura musical deve ao admirável guitarrista e compositor Covilhanense (curiosamente, conterrâneo do saudoso escritor ALÇADA BAPTISTA, acima referido), que há cinco décadas pisou o primeiro palco (em nome do "Soviete do Areeiro", uma efémera "banda" Lisboeta de intervenção), canções de reconhecida originalidade, como, entre outras, "Timor" (um inesquecível "hino" da causa do Povo Maubere) e "Perdidamente" (sobre a inspirada criação de FLORBELA Espanca, "Ser Poeta", que o Artista teve a feliz ideia de musicar e propor a sua gravação aos restantes elementos do seu grupo "Trovante"). Sinceros parabéns, JOÃO GIL!
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