Prosimetron

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Machado de Assis : D. Casmurro

«Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimento-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
«- Continue - disse eu acordando.
«- Já acabei - murmurou ele.
«- São muito bonitos.
«Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso: estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro.» (Início de Dom Casmurro)

2 comentários:

Anónimo disse...

Seu Machado,
Obrigada por me ter criado: 109 depois continuo vivíssima e muito actual. É a vida, a vidinha, que V. tão bem descreveu.
E seu Bentinho? Continua cego e apaixonado por mim?
Envio-lhe um ramo de flores,
Capitú

Anónimo disse...

Capitú,
V. é adorável!
Flores para si e «Seu Machado»,
M.

Este contemporâneo de Eça, também foi poeta:

LIVROS E FLORES

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?