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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Machado de Assis


Passa hoje o centenário da morte do maior escritor brasileiro do século XIX, Joaquim Maria Machado de Assis, nascido numa chácara na Ladeira do Livramento, no Rio de Janeiro, em 1839, filho de um pintor de paredes mulato, neto de escravos alforriados e de uma lavadeira portuguesa da ilha de S. Miguel.

Auto didacta, iniciando a sua vida a vender doces que a madrasta confeccionava, foi aprendendo as primeiras letras numa curta passagem pela escola, e ávido de saber, adquirindo conhecimentos, em várias áreas, com especial ênfase na língua e literatura, em que se incluiu o francês, o inglês e o alemão, sobretudo depois de se ter empregado na Imprensa Nacional com 16 anos, tornando-se ainda muito novo um intelectual reconhecido a apreciado.

Romancista, contista, poeta, crítico literário, cronista e dramaturgo, Machado de Assis atravessou os períodos do Romantismo, Realismo e Naturalismo sem se vincular a nenhuma corrente literária. Dos seus romances, os mais conhecidos em Portugal são Dom Casmurro, Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Com ligações muito fortes a Portugal por sua mãe e por sua mulher, Carolina Xavier de Novais, portuguesa, foi um grande admirador, entre outros, de Camões, Garrett, Herculano e Eça, o que perpassa claramente na sua obra. Fundador e primeiro Presidente da Academia Brasileira de Letras é um dos maiores nomes da Língua Portuguesa.

Decorre hoje e manhã na Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com a Missão Permanente do Brasil junto da CPLP, um colóquio comemorativo do centenário com a intervenção de especialistas portugueses e brasileiros e de um professor inglês estudioso da obra de Machado de Assis, incluindo também um recital de piano e canto com música brasileira da época do escritor, a exibição do filme “Memórias de Brás Cubas” e de dois documentários sobre a sua vida e a leitura de contos e excertos de "Dom Casmurro" pelo actor José Mauro Brant.

1 comentário:

Miss Tolstoi disse...

Quem não leu Machado de Assis, toca a lê-lo. É um escritor genial.
Numa crónica «O jornal e o livro», ele perguntava: «O jornal matará o livro? O livro absorverá o jornal?», para afirmar mais à frente: «O jornal é a verdadeira forma da república do pensamento. É a locomotiva intelectual em viagem para mundos desconhecidos, é a literatura comum, universal, altamente democrática, reproduzida todos os dias, levando em si a frescura das idéias e o fogo das convicções.
«O jornal apareceu, trazendo em si o gérmen de uma revolução. Essa revolução não é só literária, é também social, é económica, porque é um movimento da humanidade abalando todas as suas eminências, a reação do espírito humano sobre as fórmulas existentes do mundo literário, do mundo económico e do mundo social.
«Quem poderá marcar todas as consequências desta revolução?»
Lembram-se do debate que começou com a vulgarização das novas tecnologias? Seria o fim do livro?