Les êtres singuliers et leurs actes asociaux sont le charme d' un monde pluriel qui les expulse.
- Jean Cocteau, Les enfants terribles
Isto vem mais ou menos a propósito de uma figura singular da Lisboa nocturna. Durante anos, via-o quando passava em Picoas à noite, ele junto ao Imaviz a acenar a quem passava, sempre com um sorriso nos lábios e elegantemente vestido. A certa altura, tornou-se quase uma celebridade, com direito a entrevista televisiva onde falou da solidão em que vive, do desinteresse dos familiares. Hoje de madrugada, ao voltar da boémia, inesperadamente deparo-me com ele no Saldanha, perto do Galeto, a acenar e a sorrir e, previdentemente, com um chapéu de chuva.
Definitivamente un être singulier. E concordo com Cocteau- os seres singulares, os excêntricos, são realmente o charme do mundo. E retrato da fabulosa diversidade humana.
10 comentários:
Não é Lisboa, é Paris:
http://www.youtube.com/watch?v=nZvehG_Lgls&feature=related
LA BOHÈME
Je vous parle d'un temps
Que les moins de vingt ans
Ne peuvent pas connaître
Montmartre en ce temps-là
Accrochait ses lilas
Jusque sous nos fenêtres
Et si l'humble garni
Qui nous servait de nid
Ne payait pas de mine
C'est là qu'on s'est connu
Moi qui criait famine
Et toi qui posais nue
La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux
Dans les cafés voisins
Nous étions quelques-uns
Qui attendions la gloire
Et bien que miséreux
Avec le ventre creux
Nous ne cessions d'y croire
Et quand quelque bistro
Contre un bon repas chaud
Nous prenait une toile
Nous récitions des vers
Groupés autour du poêle
En oubliant l'hiver
La bohème, la bohème
Ça voulait dire tu es jolie
La bohème, la bohème
Et nous avions tous du génie
Souvent il m'arrivait
Devant mon chevalet
De passer des nuits blanches
Retouchant le dessin
De la ligne d'un sein
Du galbe d'une hanche
Et ce n'est qu'au matin
Qu'on s'asseyait enfin
Devant un café-crème
Epuisés mais ravis
Fallait-il que l'on s'aime
Et qu'on aime la vie
La bohème, la bohème
Ça voulait dire on a vingt ans
La bohème, la bohème
Et nous vivions de l'air du temps
Quand au hasard des jours
Je m'en vais faire un tour
A mon ancienne adresse
Je ne reconnais plus
Ni les murs, ni les rues
Qui ont vu ma jeunesse
En haut d'un escalier
Je cherche l'atelier
Dont plus rien ne subsiste
Dans son nouveau décor
Montmartre semble triste
Et les lilas sont morts
La bohème, la bohème
On était jeunes, on était fous
La bohème, la bohème
Ça ne veut plus rien dire du tout
Letra: Jacques Plante; música: Charles Aznavour
http://br.youtube.com/watch?v=1tmJS-xyq7U
" ...os seres singulares, os excêntricos, são realmente o charme do mundo."
Adorei esta frase! Ela bate bem com os surrealistas... gosto de seres singulares, iluminam o dia. Acho que estou farta do nosso país! Há pouca singularidade por aí...
Obrigada, Luís Barata.
Também, gostei de recordar "La Bohème".
Jean Cocteau sabia do que falava... e falava do que sabia. Obrigado Luís.
Conhecia superficialmente o Jean Cocteau, apenas a sua ligação aos artistas: Pablo Picasso, Modigliani e Apollinaire.
Disseram-me que vi filmes dele mas a memória não me traz grande luz.
Como poeta fui agora pesquisar e descobri que Herberto Helder o traduziu. Deixo aqui uma tradução de H Helder para homenagear os dois:
VIII
Com pés de animal azul celeste,
Chegou o anjo Heurtebise. Estou só
Todo nu sem Eva, sem bigode
Sem mapa.
As abelhas de Salomão
Debandam, porque me é difícil comer o mel
De tomilho amargo, o meu mel dos Andes.
Em baixo, esta manhã o mar copia
Cem vezes o verbo amar. Anjos de algodão
Sujos, indecentes
Mungem na erva os úberes das grandes
Vacas geográficas.
Jean Cocteau
o anjo heurtebise
ouolof
poemas mudados para português
por Herberto Helder
assírio & alvim
1997.
Desculpe tanto comentário e intervenções. Agradeço a todos os autores do Prosimetron pelos ensinamentos e pistas que dão. Parabéns.
Jean Cocteau e Jacques Prévert foram os poetas que mais li na minha juventude.
Espreitem:
http://www.jeancocteau.net/
M.
SURPRESAS DO TRIBUNAL DE DEUS
Uma garota rouba cerejas. Toda a sua longa vida passa-a a resgatar essa falta, por intermédios de orações. A devota morre. DEUS: 'Serás eleita por teres roubado cerejas.'
*
Tudo em que não se acredita é decorativo.
JEAN COCTEAU
In: Ópio: diário de uma desintoxicação / trad. de Mria Teresa Horta. Lisboa: Ulisseia, 1966, p. 49, 52
Custou-me 30$00 em 1966 (0,15€ era dinheiro). Transcrevi dois dos fragmentos (de que é composto o livro) que sublinhei na época.
M.
Luís,
Anda a ler 'Les enfants terribles'? Veja o que Cocteau diz:
«LES ENFANTS TERRIBLES foram escritos sob a obsessão de 'Make Believe' (SHOW BOAT); os que gostam deste livro devem comprar este disco e relê-lo ouvindo-o.»
JEAN COCTEAU
In: Ópio: diário de uma desintoxicação / trad. de Mria Teresa Horta. Lisboa: Ulisseia, 1966, p. 111
E a canção aqui está:
http://www.youtube.com/watch?v=RWDqUkv7tG8
Não me lembro de ter visto este filme. Espero que passe brevemente na Cinemateca.
M.
Minha cara M e Anónimos, obrigado pelas referências, realmente a Net é inesgotável.
Quanto ao filme, já existe em dvd. Creio até tê-lo visto na FNAC, passe a publicidade.
Luís,
Afinal já sei que filme é, vi-o, mas não me lembro quase nada dele.
Obrig.,
M.
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