CANTIGA "PARTINDO-SE"
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes e tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora d'esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo- Branco
(séc. XV - XVI)
7 comentários:
Linda.
Linda mesmo.
Não conhecia. Obrigada.
A.R.
Um dos mais belos poemas que conheço. Acho que já andou por aqui (se calhar nos comentários).
M.
Olá. Parabéns pela iniciativa.
Estes versos, para mim, são do que mais bonito existe para o século XV.
Já agora uma correcção, que não fui eu que descobri mas sim o Prof. Doutor A. H. de Oliveira Marques. O verso da segunda estrofe tem sido publicada (por todos) com um erro de transcrição; a forma correcta deve ser "Tão tristes e tão saudosos", senão o verso fica com uma sílaba a menos (quem conhece a paleografia do século XV-XVI sabe que os "e", na maioria das vezes, parecem vírgulas. (Veja-se História de Portugal, vol.I, 13.ª ed., Lisboa, Presença, 1997, p. 322).
O autor é João Rodrigues de Castelo Branco.
J.
Parece que falta, ainda um verso, na segunda estrofe:
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes e tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados e chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
J.
Caro J. muito obrigado pela (repr)imenda. Procurando outras transcrições do poema, todas omitem o "e" referido, mas realmente sem ele a métrica fica coxa. Quanto ao verso em falta, optei pela versão mais usada e faço mea culpa por não ter reparado que faltava na versão que transcrevi.
Enviar um comentário