Prosimetron
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
"Multicultural, multiétnica, multicolor",...
Lisboa: Cavalo de Ferro, 2008
€20,00
O autor, Corrado Augias, escritor e jornalista, nasceu em Roma há 74 anos. Deste livro, que estou presentemente a ler, transcrevo:
«A palavra-chave [...] é "cadinho". A ideia do cadinho (melting pot) abriu caminho lentamente, consolidou-se quando o país foi povoado por milhões de pessoas que chegavam de todo o mundo, afirmou-se com o êxito popular da célebre peça de Israel Zangwill que se intitula precisamente O Cadinho (The Melting Pot).
«Zangwill era um escritor inglês de origem judaica que se mudou para os Estados Unidos, amigo do fundador do sionismo Theodor Herzl e ele próprio protagonista do Congresso Sionista de Basileia em 1905. Em 1908, a sua peça sobe ao palco em Washington D.C., na presença do presidente T. Roosevelt, com clamoroso êxito. Que nos conta ela? A história de amor do judeu David, sobrevivente do pogrom de Kisinev, músico muito dotado que se encontra a compor uma Sinfonia Americana. Um dia, na sua modesta casa de Nova Iorque, encontra a bela Vera Revendal, uma eslava de religião ortodoxa. A atracção é recíproca, mas David ignora que Vera é nada menos que a filha do Barão Negro, o carrasco de Kisinev. O drama atinge o auge quando certa noite David encontra por acaso o pai de Vera e reconhece nele o homem que liderou a caça aos judeus. Percebe que Vera é sua filha e vê-se dela separado "por um rio de sangue". Mas as coisas mudam. A sua sinfonia é executada triunfalmente, consagrando-o como compositor, Vera renega o seu sanguinário pai, David aprende que "os pecados dos pais não recaem sobre a cabeça dos filhos", os dois jovens abraçam-se enquanto o pôr-do-sol inunda de luz rósea a baía de Nova Iorque e a estátua da Liberdade. "Neste porto", exclama David com êxtase, "desembarcam milhões de enormes navios uma carga humana de celtas e de latinos, de eslavos e de teutões, de gregos, de sírios, de negros e de amarelos... assim o grande Alquimista funde Oriente e Ocidente, Norte e Sul, a palmeira e o pinheiro, o pólo e o equador, o crescente e a cruz na sua chama purificadora." O cadinho, precisamente.» (p. 35)
Programa de teatro de The Melting Pot (1916).
Também pode ficar a saber por que hoje a América deixou de ser o melting pot e passou a salad bowl, quais as vicissitudes por que passou a Estátua da Liberdade até chegar à baía de Nova Iorque, etc., etc.
De Corrado Augias já li Os segredos de Roma, que também aconselho. É ainda autor de Os segredos de Londres, de que espero a tradução portuguesa.
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3 comentários:
Por acaso já conhecia a origem da expressão melting pot aplicada aos EUA, mas parece-me um livro a ler.
Eu estou a adorar.
Os segredos de Roma tenho e é um óptimo livro.
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