Prosimetron

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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Poesia e as Flores

Rosas e cantigas

Eu hei-de despedir-me desta lida,
Rosas? – Árvores! hei-de abrir-vos covas
E deixar-vos ainda quando novas?
Eu posso lá morrer, terra florida!

A palavra de adeus é a mais sentida
Deste meu coração cheio de trovas…
Só bens me dê o céu! eu tenho provas
Que não há bem que pague o desta vida.

E os cravos, manjerico, e limonete,
Oh! que perfume dão às raparigas!
Que lindos são nos seios do corpete!

Como és, nuvem dos céus, água do mar,
Flores que eu trato, rosas e cantigas,
Cá, do outro mundo, me fareis voltar.

Afonso Duarte, in Mário Soares, Os poemas da minha vida, Lisboa: Público,Comunicação social, SA, 2005, p. 76 , Afonso Duarte (Ereira, Montemor-o-Velho, 1884-1958)

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto imenso da poesia de afonso Duarte.
M.