André Malraux
“Porta para o Desconhecido
O avião aguarda ao amanhecer.
Quantos desses aviões terei visto pousados num longo terreno que se perde na periferia da alvorada num odor muçulmano de erva queimada e camelos! Campos do sul da Pérsia, estepes da Ásia Central – com os seus pilotos russos que passam a noite nus em balancés para escapar ao calor sufocante – na base do Himalaia, nos jardins queimados, sob o perfume selvagem e tórrido de alfazema já ressequida das montanhas… O Islão está à nossa volta até aos confins da África, até ao Pamir; (…)”
Quantos desses aviões terei visto pousados num longo terreno que se perde na periferia da alvorada num odor muçulmano de erva queimada e camelos! Campos do sul da Pérsia, estepes da Ásia Central – com os seus pilotos russos que passam a noite nus em balancés para escapar ao calor sufocante – na base do Himalaia, nos jardins queimados, sob o perfume selvagem e tórrido de alfazema já ressequida das montanhas… O Islão está à nossa volta até aos confins da África, até ao Pamir; (…)”
MALRAUX, André – A Rainha do Sabá, Lisboa:Livros do Brasil, 2006, p. 35.
André Malraux nasceu em Paris, a 3 de Novembro de 1901, e morreu em Créteil, a 23 de Novembro de 1973. Arqueólogo, orientalista, aventureiro, escritor e político, foi uma das figuras exemplares e um dos grandes escritores do século XX.
2 comentários:
Li vários livros dele, há muitos anos, que me marcaram, como «A esperança» e «A condição humana». Li outros livros de viagens (não me recordo dos títulos), mas acho que nunca a «A Rainha do Sabá».
Há relativamente poucos anos, talvez por ocasião do centenário, li as «Antimemórias» e uma biografia dele. Foi uma personalidade fascinante e complexa.
M.
Também gostei do «Museu imaginário» em que ele refere o papel desempenhado pelos museus na relação das pessoas com as obras de arte. Lembrarmo-nos que os museus são uma realidade relativamente recente...
Malraux foi também um grande Ministro da Cultura.
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