Cegadas e xexés
O xé-xé, figura típica do Carnaval lisboeta
Foto Augusto Bobone, final século XIX
Arq. Fot. CML, BOB000063
Mascarado xé-xé no Carnaval
Arq. Fot. CML, LSM000460
«Os dias mais felizes que o ano reservava ao poeta Lousada eram os quatro dias de Carnaval: de sábado-gordo ao alvorecer de quarta-feira de Cinzas. Nos restantes trezentos e sessenta e um dias da lenta rodagem da Terra em volta do Sol, o bardo [...] preparava também as Cegadas, pequenas peças poéticas que no Entrudo os bandos de mascarados representavam pelas ruas, cantando ao som de guitarras e pedindo em seguida aos espectadores o óbolo consagrador dos seus méritos histriónicos. «Lousada fornecia aos grupos interessados, não só da própria freguesia, como de outras bem distantes, os textos que eles ensaiavam nos preparativos da quadra carnavalesca. Vendia-os por preço comedido, mas com a condição expressa de todos os grupos, ao iniciarem a romagem pela cidade, irem á sua porta repetir a representação, que era para eles, simultaneamente, folguedoe fonte de receita. «Logo no sábado-gordo, pela manhã, surgiam os primeiros bandos. Já os xé-xés, de bicórnio
napoleónico, casaca, calção e meia, a grande espada de pau desembainhada á chuva, ao sol e ao vento - onde ides vós xexés da minha infância?! - já eles impunham na cidade a sua ditadura carnavalesca, para gáudio e terror da criançada bravia. «Despontavam, na esquina da rua, dedilhando guitarras, as primeiras Cegadas matinais. Desciam as Trinas, envolvidas pelo rapazio que afluía de todos os lados; e paravam, com deferência, à porta de Lousada. [...]»
Joaquim Paço de Arcos
In: Carnaval e outros contos. Lisboa: Guimarães, 1958, p. 269-270
O xé-xé, figura típica do Carnaval lisboeta
Foto Augusto Bobone, final século XIX
Arq. Fot. CML, BOB000063
Mascarado xé-xé no Carnaval
Arq. Fot. CML, LSM000460
«Os dias mais felizes que o ano reservava ao poeta Lousada eram os quatro dias de Carnaval: de sábado-gordo ao alvorecer de quarta-feira de Cinzas. Nos restantes trezentos e sessenta e um dias da lenta rodagem da Terra em volta do Sol, o bardo [...] preparava também as Cegadas, pequenas peças poéticas que no Entrudo os bandos de mascarados representavam pelas ruas, cantando ao som de guitarras e pedindo em seguida aos espectadores o óbolo consagrador dos seus méritos histriónicos. «Lousada fornecia aos grupos interessados, não só da própria freguesia, como de outras bem distantes, os textos que eles ensaiavam nos preparativos da quadra carnavalesca. Vendia-os por preço comedido, mas com a condição expressa de todos os grupos, ao iniciarem a romagem pela cidade, irem á sua porta repetir a representação, que era para eles, simultaneamente, folguedoe fonte de receita. «Logo no sábado-gordo, pela manhã, surgiam os primeiros bandos. Já os xé-xés, de bicórnio
napoleónico, casaca, calção e meia, a grande espada de pau desembainhada á chuva, ao sol e ao vento - onde ides vós xexés da minha infância?! - já eles impunham na cidade a sua ditadura carnavalesca, para gáudio e terror da criançada bravia. «Despontavam, na esquina da rua, dedilhando guitarras, as primeiras Cegadas matinais. Desciam as Trinas, envolvidas pelo rapazio que afluía de todos os lados; e paravam, com deferência, à porta de Lousada. [...]»
Joaquim Paço de Arcos
In: Carnaval e outros contos. Lisboa: Guimarães, 1958, p. 269-270
2 comentários:
Desconhecia. Na Beira onde vivi a minha infância e uma pequena parte da adolescência o Carnaval era um pouco diferente, chamávamos assaltos. Por vezes, também havia cantigas. Os trajes eram improvisados...era engraçado!
Também fiz vários assaltos e fui "vítima" de outros.
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