Prosimetron

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Poesia e Amor 3: António Gedeão.

Sandro Boticelli, Fragmento do Nascimento da Vénus
Têmpera sobre tela e mede 172,5 cm de altura por 278,5 cm de largura.

Para Miss Tolstoi como agradecimento do poema oriental


AMOR SEM TRÉGUAS

É necessário amar,
qualquer coisa, ou alguém;
o que interessa é gostar
não importa de quem.

Não importa de quem,
nem importa de quê;
o que interessa é amar
mesmo o que não se vê.

Pode ser uma mulher,
uma pedra, uma flor,
uma coisa qualquer,
seja lá do que for.

Pode até nem ser nada
que em ser se concretize,
coisa apenas pensada,
que a sonhar se precise.

Amar por claridade,
sem dever a cumprir;
uma oportunidade
para olhar a sorrir.

Amar como o homem forte
só ele o sabe e pode-o;
amar até à morte,
amar até ao ódio.

Que o ódio, infelizmente,
quando o clima é e horror,
é forma inteligente
de se morrer de amor.

António Gedeão, Poesias completas (1956-1967), Lisboa: Portugália, 1972, p.214-216

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo poema de Gedeão. E adoro Boticelli.
M.

e-namorada disse...

nunca tinha visto um poema desse jeito.
muito lindo...
amar sem preconceito.