Prosimetron

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quinta-feira, 12 de março de 2009

As crises e as alcunhas de Londres

(…) No final dos anos 90, quando o mercado imobiliário de Londres recuperou da recessão que atingira no início da década as rendas e as ambições subiram a pique. Londres tornou-se conhecida, entre financeiros e arquitectos, como a “Manhattan à margem do Tamisa”.
(…) Os ataques terroristas em NY e Washington em 2001 inauguraram uma era mais sombria. O Manhattan à margem do Tamisa tornou-se o “Londristão”. O termo pode ter sido usado pela primeira vez pela polícia anti-terrorista francesa (zangada com o alegado laxismo em relação aos extremistas islâmicos), mas foi mais usado após o 11 de Setembro.
(…) Mas a continuação da prosperidade salvou a ansiedade. Londres recuperou. Os estrangeiros continuaram a chegar, em grande parte vindos dos países recentemente admitidos na União Europeia, trazendo a alegria aos agentes de imobiliários de luxo ou aos directores de escolas privadas e o “Londristão” ganhou outra alcunha: “Londresgrado”.
(…) Durante anos pareceu ser a capital não só da Grã-Bretanha, mas talvez até do mundo: o epicentro da globalização. Para muitos homens de negócios e do sector financeiro, era uma utopia onde não se faziam perguntas e se crescia perpetuamente, um local de prémios generosos e do fluxo de capitais – e de crédito fácil e sem limites. Agora, subitamente, os empregos estão a desaparecer, a libra está em queda, os bancos podem ter de passar a ser totalmente nacionalizados.
(…) Como o New York Times revelou, alguns economistas e negociantes começaram a referir Londres por uma alcunha agoirenta: Reiquejavique à margem do Tamisa. Tal como a Islândia, Londres é palco de um sector financeiro abalado que anteriormente sustentava a economia e de bancos cujas responsabilidades imnpedem o crescimento da produção nacional.
(…) Como serão Londres e a Grã-Bretanha vistas daqui a uns anos? De acordo com David Cameron, líder dos Conservadores, Londres irá tornar-se (se ele for primeiro-ministro) na capital de uma nação recentemente responsável. Os hereges financeiros sairão da cidade no “dia do julgamento”, promete; o resto da cidade e do país viverá com aquilo que ganha e poupará para dias mais complicados. Londres será uma espécie de Grantham à margem do tamis (Grantham é a cidade natal onde Margaret Thatcher adquiriu o gosto pela auto-suficiência).
(…) Enquanto esse dia não chega, a cidade pode parecer ter voltado à era Vitoriana e Eduardiana, com legiões de desempregados a dependerem dos escassos serviços sociais: Londres pode tornar-se numa versão mais humana da “cidade das noites medonhas”, do “império da fome” e do “abismo”, como os sociólogos lhe chamavam há um século atrás.

Excertos extraídos de um artigo publicado no The Economist

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