Deixei o anzol em casa
e a isca, nem tive tempo de pensar,
mas o dia tem uma brandura de asa
- vou pescar.
Pesca sem anzol nem isca.
Ter férias, tem, quem sente
a vida que mordisca
a linha negligente.
Ao pescador que se deixe
a tarefa de pescar.
Ter férias é deixar o peixe
ter suas férias no mar.
Hoje, a suavidade
da areia e do sol.
Amanhã, a cidade
E o anzol.
Sidónio Muralha, Cem Poemas Portugueses do Riso e do Maldizer (selecção de José Fanha e José Jorge Letria), Lisboa: Terramar, 2003, p. 120.
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