Prosimetron

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domingo, 6 de setembro de 2009

Que noite serena!

Que noite serena!
Que lindo luar!
Que linda barquinha
Bailando no mar!

Suave todo o passado - o que foi aqui de Lisboa - me surge...
O terceiro-andar das tias, o sossego de outrora,
Sossego de várias espécies,
A infância sem o futuro pensado,
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas,
E tudo bom e a horas,
De um bem e de um a-horas próprio, hoje morto.

Meu Deus, que fiz eu da vida?

Que noite serena, etc.

Quem é que cantava isso?
Isso estava lá.
Lembro-me mas esqueço.
E dói, dói, dói...

Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça.

Álvaro de Campos
In: Poesias. Lisboa: Ática, s.d., p. 121-122

A primeira quadra era citada num livro que acabei de ler hoje.
Dizem que Álvaro de Campos é o Pessoa preferido pelas mulheres. É o meu caso, para além, claro, de Bernardo Soares.

3 comentários:

Anónimo disse...

Que livro seria?

MR disse...

A vida sexual de Fernando Pessoa. Devia ter posto. O Jad já aqui falou dele. Não me lembro do nome do autor, que são cinco.

MR disse...

Salomó Dori - A vida sexual de Fernando Pessoa. Lisboa: Palimpseto, 2009