Prosimetron

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domingo, 25 de outubro de 2009

25 de Outubro de 2016


Publicado que estava o respectivo decreto no Diário Oficial, Portugal contava agora com mais um duque. À semelhança da outra monarquia ibérica, decidira-se agraciar os primeiros ministros que cessavam funções com o mais alto título de nobreza, tendo sido o primeiro beneficiário de tal prática A.Guterres, agora duque de Castelo Branco por acordo entre o próprio agraciado e o Conselho Nobiliárquico de Sua Majestade Fidelíssima D. Afonso VII.
O facto do primeiro ministro cessante ter aceite o dito título tinha irritado bastante alguns dos seus companheiros de partido, especialmente os de filiação maçónica, que receavam que tal exemplo contagiasse outros camaradas.
O agora duque de Castelo Branco era um estadista respeitado por todos, tendo sido as suas proverbiais capacidade de diálogo e seriedade pessoal que tinham ajudado o país a ultrapassar a Grande Crise de 2012 que levara à mudança de regime.
Na véspera da publicação do decreto, o novo duque tinha ido jantar informalmente à Ajuda, onde na ala nova, adaptada aos novos tempos e tecnologias, residiam Suas Majestades Afonso VII e Victoria Federica, nascida de Bórbon y Marichalar. Na parte antiga do palácio, que mantinha o cariz museológico, continuavam os avistamentos do suposto fantasma de uma antiga directora que tinha recusado entregar as chaves do palácio em 2012 e que após um breve internamento psiquiátrico tinha falecido num acidente de automóvel.
Tinha já tomado posse o novo primeiro ministro, Nuno Melo, líder do partido PSD/CDS que havia ganho as recentes eleições legislativas, e dias antes tinha sido também empossada a nova presidente do Parlamento do Reino, a agora condessa de Birre, que antes da Grande Crise tinha dirigido uma fundação dedicada à investigação médico-oftalmológica.
Em Outubro de 2016, Portugal vivia finalmente um período de acalmia depois dos graves distúrbios que quatro anos antes tinham agitado o país à medida que iam sendo conhecidos os resultados dos julgamentos de vários líderes políticos por crimes de corrupção e sobretudo com as posteriores desesperadas tentativas destes junto dum politizado Tribunal Constitucional no sentido de serem anuladas as respectivas condenações. Tinha sido o impasse verificado no Tribunal Constitucional e as diárias manifestações de rua com a consequente paralisação do país que tinham conduzido à intervenção das Forças Armadas e à subsequente renúncia do Presidente da República, agora a viver tranquilamente em França.
A tranquilidade lusa só era perturbada no plano interno por dois movimentos radicais: de um lado, a Esquerda Unida, agora dirigida por Bernardino S. desde a morte algo suspeita de F.Louçã, que funcionava a partir da Venezuela onde se tinham acolhido muitos partidários da organização depois do falhado Golpe de 2014 e onde lhes era prestado apoio logístico pelo Presidente Vitalício; no pólo oposto, o Neo-Integralismo, que agrupava várias dissidências monárquicas e pugnava por uma monarquia absoluta como o Liechtenstein ou a Arábia Saudita, se bem que ultimamente estivesse mais silencioso depois da prisão de alguns dos seus dirigentes por queimarem a nova bandeira nacional, a chamada "Conciliatória" adoptada em 2013 aquando da redacção da nova Constituição.
Sua Majestade tinha decidido inaugurar uma nova prática política no dia 25 de Outubro, depois de ter recebido aconselhamento favorável a tal por parte do Conselho da Coroa. Assim, pela primeira vez, às 15h, o Rei dirigiu-se à Nação em directo a partir do Castelo de S.Jorge, data e lugar carregados de um simbolismo necessário para enfrentar uma potencial ameaça externa: a crescente agressividade por parte da recém-proclamada República Islâmica de Marrocos, cujos dirigentes mantinham a par de uma retórica de intimidação uma crescente militarização do país. Depois de ter tomado Ceuta sem que Espanha tivesse reagido pela força das armas, o novo regime marroquino continuava a ameaçar Portugal caso o país não convidasse a exilada família real marroquina a abandonar o território, o que havia sido recusado terminantemente pelas autoridades portuguesas, com a Casa Real à cabeça.
E o país parou para escutar o Rei.

14 comentários:

Anónimo disse...

O Luís nada com uns delírios ficcionais engraçados. Só para rir...
M.

Anónimo disse...

Ah!...Ah!...Ah! História fantástica, delirante e saebe-se lá? Em 2016 falaremos.

Parabéns, adorei a nova bandeira!
Ana

Jad disse...

Acabei de ler e são exactamente 15:00 horas

Jad disse...

Com o colocar de palavras de passe, etc... avan~çou um minuto

Jad disse...

Liguei a rádio... falava Narciso Miranda, um "rei" deposto num ducado do Norte...

Jad disse...

Mas como morreu Duarte o pai de Afonso... Tão depressa? Estaria doente sem se saber? Ou toda a gente sabia [e sabe, hoje] que o homem estava [está] doente e não se tinha [tem] a coragem de o dizer publicamente... assim não foi preciso morrer, abdicou...

Anónimo disse...

Adorei esta ficção especulativa, mas espero que não seja profética!

MFB

LUIS BARATA disse...

Respondendo ao Jad:
Mas quem disse que o pai de "AfonsoVII" estava morto em 2016?
A boa política é feita de compromissos...
Basta pensar no caso espanhol: apesar das tensões familiares que duraram alguns anos, D.Juan, conde de Barcelona, acabou por aceitar ser substituído pelo filho, o actual rei D.Juan Carlos.
Como se vê, não é preciso matar nem arranjar, longe vá o agoiro, maleitas a ninguém.

João Mattos e Silva disse...

Muitíssimo divertido! E sempre dá para chatear algumas pessoas que levam tudo a sério...e acham que o mundo não dá voltas e voltas.

Anónimo disse...

Falta explicar que bandeira é esta!

Miss Tolstoi disse...

Realmente só para rir. E ri-me.
E esses personagens ficcionais Afonso (o que gostaria de ser o VII; mas o VI não era grande coisa) e Victoria Federica se saem aos respectivos progenitores masculinos... Coitados!
Realmente o mundo tem dado muitas voltas, mas não me parece. Parece-me mais que acabarão algumas monarquias, uma delas bem próxima de nós.

João Soares disse...

Ri-me alto e bom som! :-)

LUIS BARATA disse...

E quem sabe algumas também voltem. Se os Estados Unidos e outros países tivessem deixado de lado o preconceito republicano e apoiado aquela que durante algum tempo foi uma solução partilhada por muitos afegãos- o regresso do velho rei deposto por um golpe militar no final dos anos 70,talvez o país não estivesse como está- um atoleiro mergulhado em fraude eleitoral e com violência diária.
Entretanto, o rei morreu.

Anónimo disse...

Rei morto, rei posto!
J.