N.C. ( Newell Convers ) Wyeth, - Robinson Crusoe, óleo sobre tela, 1920.
Este quadro de N.C. Wyeth ( 1882-1945 ), um dos maiores ilustradores da História dos Estados Unidos, faz parte de uma série de 14 telas que serviram de base a uma edição ilustrada do livro homónimo de Defoe, publicada em 1920 pela Cosmopolitan Book Corporation.
Nesta série dedicada à pintura da solidão, não podia faltar a solidão do náufrago, hoje fenómeno raro, mas que durante séculos atormentou mais ou menos duradoiramente quem se aventurava pelos oceanos. E o mais conhecido náufrago da ficção é certamente Robinson Crusoe. Li e reli na adolescência, e ainda hoje guardo essa edição, a obra-prima de Daniel Defoe, inspirada pelo caso verídico do marinheiro Alexander Selkirk, naufragado nas Ilhas Juan Fernandez se a memória não me atraiçoa. E os naufrágios solitários à la Defoe sucederam-se nos séculos seguintes com as chamadas robinsonadas, por si só um género literário, que chegaram até ao século XX com naufrágios espaciais...
Na pintura, o tema suscitou interesse: há um desenho do Gabriel de Saint-Aubin no Louvre intitulado Robinson tenant le parasol, datado logo do séc.XVIII, e uma das minhas hipóteses para ilustrar esta solidão foi o quadro de Carl Offerdinger de 1880 intitulado Robinson e Sexta-Feira,que é talvez demasiado políticamente incorrecto, dada a atitude subserviente de Sexta-Feira, para o nosso gosto contemporâneo.
Quanto ao quadro que está supra, foi vendido juntamente com os outros 13 no início deste mês na Christie's de Nova Iorque dado que o seu proprietário desde os anos 20, a Wilmington Institute Library , precisava de dinheiro para se manter...
1 comentário:
Gostei do quadro. Também li o Robinson Crusoé, um livro delicioso!
O livro fez parte dos jogos de infância, transformávamos o sofá em navio e criavam-se umas ilhas desertas...
Onde nos pode levar um quadro! Obrigada Luís por me dar a conhecer esta tela e a reavivar as memórias.
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