Há dias deparou-se-me este postal (a que se juntaram outros dois, enviados por mão amiga), que resolvi colocar, dado a maior parte das pessoas (parece-me) desconhecer ter existido um Chalé das Canas até aos anos 30 do século passado, junto ao Palácio Pimenta, actual Museu da Cidade.
Esta obra, da autoria de António Cordeiro Feio, que foi administrador do parque do Campo Grande, era considerada na época um «modelo de bom gosto e perfeição» (Manuel Rui dos Santos - O Campo Grande). Vejamos então:
Esta obra, da autoria de António Cordeiro Feio, que foi administrador do parque do Campo Grande, era considerada na época um «modelo de bom gosto e perfeição» (Manuel Rui dos Santos - O Campo Grande). Vejamos então:
«[…] o seu microscópico museu, mais conhecido pelo Chalé das Canas […].
«Tudo ali é perfeito e digno da mais detida inspecção.
«Desde as portas bordadas a lasulite, que deixam penetrar nesta mansão rendilhada, habitada sem dúvida por hariolos e fadas, os indecisos vapores violáceos e argênteos das correntes vivas que alimentam vários aquários, onde peixes exóticos e indígenas se misturam e ostentam formas esquisitas e fantásticas, até às tépidas transparências das janelas ogivais, com enfeites de plantas campestres, coando apenas a luz tão intensa do exterior. […]«Tudo ali é perfeito e digno da mais detida inspecção.
«Tudo isto realçado ainda pela riqueza duma ornamentação que não obedece a modelos, que não segue escolas, nem copia estilos, formada de delgados juncos, vimes e variadas espécies de bambus e canas vulgares.»
(In: O Tiro Civil, Lisboa, 1 Abr. 1903, p. 2)
7 comentários:
Curiosíssimo!
Os "hariolos","indecisos vapores violáceos e argenteos" parece Eugénio de Castro,no seu melhor...
Que luxo!
APS
E o que terá acontecido ao Chalé? Transplantado para outras paragens?
APS,
Pois é, uma prosa luxuriante. E o chalé não lhe ficaria atrás.
Luís,
Destruído nos anos 30 do século XX.
Sobrevive a memória (até fotográfica), mas é pena.Mas os casos são tantos... :(
E foi a baixo para se fazer um parque infantil...
Da Fernanda de Castro.
António Ferro mandou...
Enviar um comentário