Eis que chega ao final esta série. Ficaram alguns poetas de fora com pena minha mas, escolhi os que mais me agradaram. O último é o autor desta compilação, faço-lhe assim justiça. A imagem que coloco não é contemporânea do poema, resolvi colocá-la por último por ser sui generis, observe-se a imagem: Deus não tem sexo.
Unknown Master, Trinity Pietà, 1415-30
Oil on oak panel, 23,2 x 15,9 cm, Wallraf-Richartz Museum, Cologne
ANTÓNIO SALVADO (1936)
Última Palavra
Numa cruz pregado,
os últimos ais
lançando, acusado
porque amou demais,
o seu doce olhar
ao longe vê, preso
a um cordão teso,
alguém balouçar.
E então num gemido
em divino voo,
exclama ao ouvido
do morto: «Perdoo...»
(Difícil Passagem)
António Salvado, A Paixão de Cristo na Poesia Portuguesa, Lisboa: Polis, p. 138
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