(...) É que a contemporaneidade alterou drasticamente o papel do destino nas coisas pequenas do quotidiano. Hoje, esta personagem central da nossa existência foi quilhada por gadgets electrónicos e ainda não compreendemos bem até que ponto já se adaptou. Há uns anos o destino pregava partidas com pequenas coisas básicas. Diariamente alterava a vida de milhões de pessoas com desencontros, encontros atrasados, locais mal combinados, pessoas que nunca mais se viam por minutos. Tudo isto hoje deixou de fazer sentido com a tecnologia. Já não se ouve " mas onde é que te meteste ontem à noite? " mas sim " porque é que desligaste o telemóvel? " . Já não se mete conversa na festa mas pergunta-se o nome a alguém para no dia seguinte ir clicar no Facebook- evitado assim o embaraço público. (...)
- Luís Pedro Nunes, Pelo direito ao tédio, na Única do passado sábado.
2 comentários:
E será bom este tédio?
Vou a encontros de amigos e estar alguém ao telemóvel, sem parar, será correcto?
Que importância damos aos que nos rodeiam?
Teremos direito ao tédio?
Interessante, Luís! :)
Ana, já me tenho sentido tentado a tirar o telemóvel das mãos de amigos verdadeiramente dependentes e fazer algo drástico com o aparelho...
Tirando casos excepcionais ( emergências profissionais ou familiares ), não me parece admissível que, estando-se acompanhado obviamente, se esteja permanentemente a falar ao telemóvel.
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