Citações

(...) A pergunta incómoda e incorrecta tem de ser : como compatibilizar dias de chumbo com democracia? A questão não é retórica. Os maiores defensores da democracia, a começar por Rousseau ( para não falar em atenienses e romanos ), previam períodos ditatoriais limitados para resolver problemas que jamais teriam apoio popular.
Isso hoje é ridículo, mas a questão mantém-se. E é uma questão bicuda! Há medidas que devem ser tomadas com urgência e que jamais terão apoio popular. Por exemplo: porque não foi reduzido o número de autarquias? Porque não são extintos serviços inúteis? Porque se resiste à reforma do Estado? Porque são medidas que destroem a popularidade, queimam quem as toma.
E como aplicar medidas destas, mas de forma democrática, sem ser à bruta, manu militari, à grega? Não vale a pena fingirmos, é este o ponto que vale a pena discutir no fecho da ERT.

- Henrique Monteiro, no Expresso do passado sábado.


P.S. - O que Henrique Monteiro não sabia, nem podia saber, é que o Supremo Tribunal Administrativo da Grécia acabou por anular a decisão governamental do encerramento à bruta da tv pública grega.
O que não quer dizer que fica resolvida a questão em causa.