eis-me solta de todas as amarras
da canga a que forcei o pensamento
de novo imersa nesta pura água
em que me identifico e apresento
limpa dos sulcos de súbitas grades
a que me expus de rosto claro e isento
– medida consciente para a mágoa
que é do tempo sem horas o sustento
de novo as mãos abertas e sem nada
estendidas à ternura do momento
a cada dia pronto que me alaga
de novo tão adulta como o vento
completa dentro desta pura água
por onde me procuram e me ausento
Glória de Sant'Anna
In: Amaranto. Lisboa: Imp. Nac.-Casa da Moeda, 1988, p. 289
1 comentário:
Outra excelente escolha.
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