Prosimetron

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domingo, 15 de novembro de 2009

Mors Amor

Dürer, Cavaleiro e a morte
(1513, gravura a cobre, col. particular)


Mors-Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz:
«Eu sou a Morte!»
Responde o cavaleiro: «Eu sou o Amor!»

Antero de Quental (Soneto dedicado a Luís de Magalhães)

Os Sonetos Completos, prefaciados por J. P. Oliveira Martins, nova ed., Lisboa, Couto Martins, s.d. [1945?], p. 108

4 comentários:

APS disse...

Gosto do poema, mas Antero nunca foi "muito lá de casa"...
No entanto acabei ontem de ler, com particular prazer um livrinho,emprestado por um familiar,escrito por António Arroyo
e que tem por título:"A viagem de
Antero de Quental à América do Norte". É da "estante editora",e recomendo-o vivamente.

Jad disse...

E a história do barco!!!!

APS disse...

Simplesmente uma maraviha!
E eu que nunca tinha lido nada do A.Arroyo fiquei conquistado! Um estilo tão simples,tão vivo que parece que estamos à beira dele,e a ver acontecer as coisas...

Miss Tolstoi disse...

Mas que mortandade que andou por aqui, ontem...