Prosimetron

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domingo, 15 de novembro de 2009

Mors liberatrix

Dürer, Cavaleiros do Apocalipse
(1497-98, gravura, col. particular)

Mors liberatrix
Na tua mão, sombrio cavaleiro,
Cavaleiro vestido de armas pretas,
Brilha uma espada feita de cometas,
Que rasga a escuridão como um luzeiro.

Caminhas no teu curso aventureiro,
Todo envolto na noite que projectas...
Só o gládio de luz com fulvas betas
Emerge do sinistro nevoeiro.

— «
Se esta espada que empunho é coruscante,
(Responde o negro cavaleiro andante)
É porque esta é a espada da Verdade.

Firo, mas salvo... Prostro e desbarato,
Mas consolo... Subverto, mas resgato...
E, sendo a Morte, sou a Liberdade».

Antero de Quental (Soneto dedicado a Bulhão Pato)

Os Sonetos Completos, prefaciados por J. P. Oliveira Martins, nova ed., Lisboa, Couto Martins, s.d. [1945?]
Este poema encontra-se inscrito no jazigo dos escritores, do cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

2 comentários:

APS disse...

Dürer é sempre bem-vindo!
Obrigado.

ana disse...

Adoro este poema. A imagem de Dürer também, mas acima de tudo aprecio estes três versos:

"— «Se esta espada que empunho é coruscante,
(Responde o negro cavaleiro andante)
É porque esta é a espada da Verdade"